Dosagem de triptase ajuda a diferenciar entre anafilaxia e sintomas que mimetizam a condição | Revista Médica Ed. 2 - 2018

O biomarcador é bastante útil na diferenciação pois a anafilaxia possui reação sistêmica aguda, grave e potencialmente fatal, o que resulta na imediata necessidade de um diagnóstico clínico.

Mastócitos vistos sob microscopia eletrônica de transmissão. 


Reação sistêmica aguda, grave e potencialmente fatal, que acomete vários órgãos e sistemas simultaneamente, a anafilaxia decorre da atividade farmacológica de mediadores liberados após a ativação de mastócitos e basófilos. O diagnóstico é essencialmente clínico e precisa ser feito de modo imediato para possibilitar a terapia de emergência. Contudo, mesmo após a superação do episódio, podem restar dúvidas sobre sua natureza, o que torna o esclarecimento definitivo ainda mais importante para que sejam tomadas medidas preventivas contra futuros eventos semelhantes. Nesse sentido, um biomarcador para a condição parece bastante útil para a diferenciação entre a anafilaxia e quadros não anafiláticos que a mimetizam.

A triptase, uma serina-protease armazenada de modo abundante em grânulos secretórios de mastócitos e em muito menor quantidade em basófilos, pode ser empregada como biomarcador nesse contexto. Ocorre sob a forma de tetrâmero e se apresenta em quatro diferentes isotipos: α, ß, γ e ω. A triptase ß é a mais bem caracterizada e a que mais se associa à anafilaxia, enquanto a triptase α predomina na mastocitose sistêmica.

A presença de níveis elevados de triptase no soro pode decorrer da mastocitose, condição em que o progenitor do mastócito é afetado por uma mutação do gene KIT (um receptor transmembrana tirosinoquinase), levando ao acúmulo dessas células nos tecidos, sobretudo na medula óssea e na pele. Outra causa de aumento é a ativação maciça de mastócitos na vigência de exposição a certos alérgenos ou fármacos, o que se caracteriza clinicamente como anafilaxia.

A triptase detectada no sangue periférico é uma proenzima sem atividade enzimática, tendo valor normal em torno de 5 ng/mL. Quando liberada após desgranulação dos mastócitos, mostra-se em sua forma ativada e em valores ≥11,4 ng/mL, que confirmam a ativação dos mastócitos.

Como a meia-vida da triptase circulante é de cerca de 60 minutos, deve-se proceder à coleta de sangue para sua dosagem nas primeiras horas após o evento suspeito. Os níveis séricos obtidos correlacionam-se com o teor de histamina e com a gravidade do quadro anafilático.

  


Ficha técnica
Dosagem de triptase
Método: Imunoensaio fluorimétrico
Amostra: soro
Prazo: um dia útil


Assessoria Médica
Dr. Alexandre Wagner Silva de Souza
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Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade
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Dr. Sandro Félix Perazzio
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