Uma das principais indicações para realização do ecocardiograma fetal é justamente a presença de conceptos anteriores com cardiopatia congênita.
Sou obstetra e acompanho uma paciente diabética com antecedente de aborto. Na gestação anterior, o concepto foi diagnosticado com uma cardiopatia, mas, na presente, o ultrassom morfológico do primeiro trimestre mostrou-se normal. Mesmo assim devo pedir o eco fetal?
As malformações cardíacas são as anomalias congênitas mais frequentes, com incidência de até 8:1.000 nascidos vivos, cerca de 6,5 vezes maior que a das anormalidades cromossômicas e quatro vezes maior que os defeitos do tubo neural. Cerca de 20% dos óbitos neonatais resultam dessas condições e mais de 90% delas ocorrem em fetos sem fatores de risco para malformações. Assim, o coração fetal deve ser rotineiramente submetido a uma análise básica pela ultrassonografia obstétrica, que funciona como triagem para o ecocardiograma fetal completo.
Uma das principais indicações para a realização do ecocardiograma fetal é justamente a presença de conceptos anteriores com cardiopatia congênita. Nesses casos, o risco de nova malformação varia entre 2% e 5%. Nas gestantes previamente diabéticas, como sua paciente, a incidência de cardiopatia congênita é cinco vezes maior do que nas não diabéticas.
A repercussão hemodinâmica da anomalia cardíaca pode ocorrer somente após o nascimento ou, ainda, precocemente, no período intrauterino.
As cardiopatias com comprometimento funcional pré-natal mais frequentes incluem a anomalia de Ebstein, as displasias da valva tricúspide com insuficiência importante, a estenose aórtica crítica, as miocardiopatias dilatadas, o bloqueio atrioventricular total e as taquiarritmias sustentadas. Seu diagnóstico pré-natal possibilita a instituição de terapêutica específica já no período intrauterino.
Por sua vez, as cardiopatias com repercussão funcional neonatal não se manifestam no período intrauterino, mas na transição do padrão circulatório fetal para o de adulto, quando ocorre a descompensação cardíaca, muitas vezes fatal se as medidas terapêuticas indicadas não forem rapidamente iniciadas. Não por acaso, esse é o grupo que mais se beneficia do diagnóstico pré-natal, que possibilita a escolha ideal de local e momento do parto, de modo que uma equipe de profissionais possa atender adequadamente o recém-nascido com terapia específica medicamentosa e/ou invasiva.
Nas cardiopatias congênitas com repercussão tardia, não há sinais de descompensação cardíaca nos períodos intrauterino e neonatal imediato, independentemente do seu grau de complexidade, razão pela qual é fundamental a pesquisa de malformações extracardíacas e de síndromes cromossômicas associadas. Esse grupo é representado por doenças que, no pós-natal, apresentam hiperfluxo pulmonar e por aquelas com obstrução ao fluxo sistêmico ou pulmonar na sua forma discreta, como CIA, CIV, defeito do canal atrioventricular, dupla via de saída do ventrículo direito, truncus arteriosus, drenagem anômala das veias pulmonares, coração univentricular, tetralogia de Fallot e estenose discreta das valvas aórtica ou pulmonar.
Em casos selecionados de estenose aórtica crítica e atresia pulmonar com septo íntegro, é possível a intervenção intrauterina com dilatação valvar para reduzir a hipoplasia do ventrículo e, assim, melhorar a função ventricular, com maior perspectiva prognóstica pós-natal.
Indicações do ecocardiograma fetal
Fatores maternos:
Fatores fetais:
Sequência de ecocardiograma fetal demonstra arco aórtico normal.
Dra. Solange Bernardes Tatani,
Assessora médica do Fleury em Ecocardiografia
[email protected]
Coordenadora do Serviço de Medicina Fetal do Fleury:
Dra. Claudia Regina Pinheiro de Castro Grau
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