Emprego do coteste melhora a qualidade do rastreamento de lesões neoplásicas e precursoras da doença, mostra estudo

Emprego do coteste melhora a qualidade do rastreamento de lesões neoplásicas e precursoras da doença

O coteste consiste na realização simultânea de citologia e teste de DNA-HPV para o rastreamento do câncer de colo do útero em mulheres com idade igual ou superior a 30 anos. Essa estratégia já está bem estabelecida nos Estados Unidos, onde conta com aprovação do FDA e faz parte das diretrizes da American Society for Colposcopy and Cervical Pathology. 

A incorporação da biologia molecular para a detecção do HPV ao rastreio do câncer de colo do útero ajuda a estratificar o risco de lesões pré-neoplásicas ou neoplásicas e a aumentar o intervalo de pesquisa de alterações quando ambos os exames apresentam resultados negativos. 

Um estudo norte-americano avaliou dados de 13,6 milhões de cotestes feitos em mulheres de 30 anos ou mais, no período de 2010 a 2018, com o objetivo de verificar a contribuição da citologia em base líquida e do teste de HPV no diagnóstico de lesões precursoras e câncer de colo do útero. 

De todos os resultados, foram encontrados 1.259 diagnósticos de câncer (58% de carcinoma de células escamosas, 30% de adenocarcinoma e 12% de outros tipos), precedidos por 1.615 cotestes, dos quais 71,6% positivos para HPV e 73,6% com citologia positiva (células escamosas atípicas de significado indeterminado ou mais grave). 

Houve ainda 8.048 diagnósticos de lesões precursoras, dos quais 95,4% de lesão intraepitelial escamosa de alto grau (neoplasia intraepitelial cervical, NIC 3) e 4,6% de adenocarcinoma in situ (AIS), precedidos por 11.164 cotestes (92,6% positivos para HPV e 77,9% com citologia positiva). 

Os autores observaram mais resultados positivos com a realização do coteste dentro de 12 meses antes da identificação de neoplasia ou de lesões pré-neoplásicas. Quando feito nesse intervalo, foi maior a probabilidade de citologia positiva antes de um diagnóstico de câncer e de teste de HPV positivo antes do diagnóstico de lesão precursora. Quando feito com mais de 12 meses do diagnóstico, foi mais provável que o teste de HPV estivesse positivo em ambos os casos. 

Com os dados encontrados, os autores destacaram que a citologia tem um papel no coteste e que a utilização apenas do teste do HPV pode deixar de diagnosticar alguns casos de câncer. Assim, concluíram que o uso do coteste melhora o rastreamento do câncer de colo do útero em mulheres com 30 anos ou mais.

Resultados do coteste realizado antes do diagnóstico histopatológico de lesão pré-neoplásica e câncer de colo do útero