Os anticorpos anticentrômero, que são biomarcadores de esclerose sistêmica, cirrose biliar primária e síndrome de Sjögren, ocasionam um padrão característico no teste de fator antinúcleo por imunofluorescência indireta (IFI) em células HEp-2 (FAN-HEp-2), caracterizado por cerca de 46 pontos robustos, os quais se distribuem pelo nucleoplasma das células em interfase e se alinham na parte central da placa de cromatina das células em divisão.
Em sua rotina de pesquisa, porém, a equipe de Imunorreumatologia do Fleury identificou um padrão atípico assemelhado, mas não idêntico, ao centromérico clássico. O novo padrão, que não está descrito na literatura, apresenta pontos numerosos e delicados no nucleoplasma das células em interfase, estando associado a pontos mais discretos alinhados na periferia da placa de cromatina das células em divisão. Inicialmente, foi denominado “centrômero atípico” e, devido ao maior número de pontos em relação ao centromérico, cogitou-se que seus pontos poderiam corresponder às regiões teloméricas dos cromossomos.
Com o objetivo de compreender melhor esse achado, os pesquisadores da área selecionaram seis amostras com o padrão centromérico atípico, provenientes de mulheres com 59,1 (±12,0) anos de idade, obtidas entre novembro de 2011 e julho de 2013. Todas foram testadas em duas lâminas comerciais distintas e uma in house, contendo células HEp-2 fixadas com metanol/acetona. Nesse mesmo substrato, a equipe procedeu à IFI dupla, com sobreposição com anticorpos policlonais de coelho contra a proteína centromérica CENP-B. Além disso, realizou a IFI com amostras do “centrômero atípico” e do padrão centromérico clássico, utilizando, como substrato, lâminas com spreading cromossômico de linfócitos de sangue periférico humano, o qual proporciona visualização otimizada dos cromossomos, permitindo detalhar a região que estaria sendo reconhecida pelos autoanticorpos. Ademais, foi feita uma reação de hibridação in situ por fluorescência (FISH) com sondas específicas para as regiões teloméricas.
O padrão se manteve nas três lâminas com células HEp-2, excluindo a possibilidade de artefato. Na IFI dupla, as amostras com o “centrômero atípico” não apresentaram sobreposição com o anti-CENP-B, confirmando que se tratava de uma região distinta e que não correspondia ao centrômero. No spreading cromossômico, a marcação de IFI observada para o novo padrão estava na região correspondente às extremidades dos cromossomos, ou seja, aos telômeros, distante dos centrômeros, na mesma área marcada pela sonda telomérica na reação de FISH.
“Os resultados preliminares sugerem fortemente que esses autoanticorpos reconhecem proteínas associadas aos telômeros, mas ainda precisamos de estudos adicionais para definir a natureza molecular e celular de tais autoantígenos”, comenta o assessor médico do Fleury em Reumatologia, Luis Eduardo Coelho Andrade.
Imunofluorescência indireta em células HEp-2 mostra padrão centromérico (A) e padrão centromérico atípico (B).
ARQUIVO FLEURY
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