Espectrometria de massas combinada à análise por proteômica identifica o tipo de proteína amiloide

A proteína amiloide pode ter diferentes composições químicas.

A amiloidose é uma doença rara, na qual ocorre deposição de substância amorfa hialina constituída basicamente de proteínas betafibrilares insolúveis, de baixo peso molecular, resistentes à proteólise, glicoproteínas e pentraxina amiloide P sérica na matriz extracelular dos órgãos. Essas substâncias são conhecidas como proteína amiloide e podem ter diferentes composições químicas. A mais comum é a imunoglobulina de cadeia leve (AL), responsável pela amiloidose AL e produzida por células com capacidade imunológica. Com frequência, há também depósitos da proteína amiloide do tipo A sérica (amiloidose AA) e da transtirretina (amiloidose TTR).

A biópsia de tecido submetida à técnica chamada de “vermelho-congo” ainda é o método confirmatório para o diagnóstico da amiloidose, embora não defina o tipo de proteína depositada – o que é fundamental para direcionar a terapia adequada. Por exemplo, no caso da amiloidose AL, pode ser necessário o transplante de células-tronco hematopoéticas; já na amiloidose familiar (depósito de transtirretina), muitas vezes recorre-se ao transplante hepático.

Dentre os exames que fazem essa identificação, a imuno-histoquímica tem sido utilizada como primeira abordagem. No entanto, os resultados variam bastante, a depender das condições de processamento dos tecidos e das imunorreações, muitas vezes não dando segurança ao patologista para o diagnóstico inequívoco do tipo proteico que compõe o amiloide, bem como desgastando o material eventualmente escasso da biópsia no bloco de parafina.

Na verdade, o padrão-ouro para essa determinação é a espectrometria de massas (EM). Por suas características de excelente desempenho, um único ensaio de EM do Fleury detecta muitos tipos de depósito amiloide, as variantes genéticas e as novas proteínas, mostrando-se muito específico na identificação da matriz proteica que dá origem ao depósito, razão pela qual deve fazer parte da investigação laboratorial de tais casos. Para evitar outros procedimentos invasivos no paciente, as mesmas amostras da biópsia podem ser utilizadas na análise por EM. Por isso o Fleury padronizou o método de retirada do material incluído em parafina, procedimento usual do médico patologista para possibilitar cortes dos tecidos e analisá-los ao microscópio.

A análise do material é feita por microscopia e, caso detectem depósitos, os patologistas procedem à microdissecção das lâminas e as processam por técnica proteômica baseada em espectrometria de massas de alta resolução para identificar as proteínas presentes nas amostras.


Cortes histológicos de tecido cardíaco com intenso comprometimento por amiloidose. Em (A), observamos biópsia endomiocárdica corada pelo vermelho-congo. Note a acentuada marcação vermelha no interstício, que apresenta a característica refringência verde-maçã sob luz polarizada em (B). Já (C) e (D) mostram o "antes" e o "depois" de outro caso de amiloidose cardíaca, cujo depósito amiloide foi retirado por microdissecção a laser para análise por espectrometria de massas.

Ficha técnica

Análise de amiloidose por proteômica em bloco de parafina

Amostras: fragmentos de tecido fixados em formalina a 10% tamponada, que poderão ser embebidos em parafina no Setor de Anatomia Patológica (envio em temperatura ambiente)

Método: espectrometria de massas 

Prazo de resultado: em até 30 dias


Consultoria Médica

Dra. Jussara Bianchi Castelli
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