Estudo calcula possibilidade de eventos cardiovasculares em mulheres que tiveram diabetes e DHEG na gravidez

A DHEG é uma das complicações mais frequentes na gestação.

Um estudo realizado no Canadá e recentemente publicado  no JAMA Network Open avaliou se a presença concomitante de diabetes gestacional (DG) e doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) aumentaria a incidência de  afecções cardiovasculares nesse grupo.

A população estudada compreendeu pouco mais de  886 mil mulheres, das quais 4,9% apresentavam apenas  DHEG, 6,1%, DG isolado, e 0,6%, as duas condições concomitantemente. Todas tiveram uma gestação com feto  único e nascido vivo no período de 1º de julho de 2007 a  31 de março de 2018. Foram excluídas as mulheres com  história de diabetes, hipertensão e doença cardiovascular  antes da gravidez.

Durante o seguimento de 12 anos, os autores encontraram 1.999 eventos cardiovasculares. Nos primeiros cinco  anos depois do parto, não foi observada associação entre  eventos e vigência combinada de DHEG e DG ou DG de  forma isolada. Por outro lado, nesse intervalo, as pacientes  que tinham tido apenas DHEG apresentaram uma razão de  risco ajustada de eventos cardiovasculares de 1,90.

Eventos cardiovasculares pelos autores. Levando em  conta o período posterior a esses primeiros cinco anos  pós-parto, em comparação à ausência de DG e de DHEG,  a presença de DHEG isolada associou-se com uma razão  de risco ajustada de eventos cardiovasculares de 1,41, índice que chegou a 2,43 na presença concomitante de DG e  DHEG. O DG isolado não aumentou a incidência de eventos  cardiovasculares cinco anos depois do parto.

Destaca-se que hospitalização por infarto do miocárdio, síndrome coronariana aguda, acidente vascular cerebral, cirurgia de revascularização coronariana e intervenção percutânea nas coronárias ou endarterectomia  de carótida foram considerados eventos cardiovasculares  pelos autores.

A DHEG é uma das complicações mais frequentes na  gestação e configura causa importante de morbimortalidade maternofetal. A incidência de pré-eclâmpsia varia de 1%  a 4%, com alguns dados mencionando índice de 7,5% em  maternidades brasileiras. Essa condição pode evoluir para  eclâmpsia e outras complicações sistêmicas, entre elas o  acidente vascular cerebral hemorrágico. Já o diabetes na gestação tem rial, nefropatia diabética, retinopatia diabética  e risco de malformações fetais.

No estudo canadense, a presença de DHEG isolada elevou o risco de eventos cardiovasculares durante todo o período de seguimento de 12 anos após o parto, mas, quando esteve associada ao DG, o risco aumentado se mostrou  apenas mais tardiamente, cinco anos depois do parto. Os autores chamam a atenção para essa informação e para  a necessidade de manter um cuidado preventivo de doenças cardiovasculares nessas mulheres.


Referências 

Tcheuqui JBE et al. Association of concomitant gestational hypertensive  disorders and gestational diabetes with cardiovascular disease. JAMA Netw  Open. 2022;5(11):e2243618. doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.43618. 

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia  (Febrasgo). Pré-eclâmpsia/eclâmpsia. São Paulo: Febrasgo, 2021.  (Protocolo Febrasgo-Obstetrícia, n. 73/ Comissão Nacional Especializada  em Gestação de Alto Risco).