Estudo revela a epidemiologia molecular do rotavírus | Revista Médica Ed. 2 - 2014

Incluída no calendário vacinal brasileiro em março de 2006, a vacina monovalente contra o rotavírus (cepa G1P[8] atenuada, de origem humana) alcançou, em 2009, cobertura nacional de 84,4%, segundo o Ministério da Saúde


Rotavírus flagrado por microscopia eletrônica de transmissão.
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Incluída no calendário vacinal brasileiro em março de 2006, a vacina monovalente contra o rotavírus (cepa G1P[8] atenuada, de origem humana) alcançou, em 2009, cobertura nacional de 84,4%, segundo o Ministério da Saúde. Considerando que os programas de imunização têm potencial de alterar a frequên¬cia dos genótipos de rotavírus nas diferentes regiões e que a epidemiologia molecular desse agente pode fornecer dados para o aprimoramento do controle de vacinação na população infantil, a equipe de Infectologia do Grupo Fleury realizou um estudo para identificar os genótipos dos vírus que circularam no Sudeste (em São Paulo e no Rio de Janeiro) e no Nordeste (na Bahia e em Pernambuco) em 2009.

No trabalho, 223 amostras de fezes provenientes dessas regiões, e com resultados previamente positivos para o agente infeccioso em questão, passaram por genotipagem das proteínas VP7 (G) e VP4 (P) pela técnica nested RT-PCR. A caracterização genotípica do rotavírus foi possível em 175 amostras (52,6% do Nordeste e 47,4% do Sudeste), das quais 46,3% eram de crianças com idade inferior ou igual a 5 anos. Para a genotipagem de VP7 (G), os pesquisadores observaram a circulação dos genótipos G1, G2 e G4, no Nordeste, e G2, G3, G5 e G9, no Sudeste; já para a de VP4 (P), constataram a circulação de P[4], P[8], P[6] e P[9] nas duas regiões. O genótipo G2P[4]/G2P[NT] correspondeu a mais de 78% dos identificados nos locais estudados, inclusive na população infantil. “Tais achados põem em discussão a eficácia da vacina para as cepas não G1, já que mostram que a circulação da cepa G2P[4] prevaleceu nas localidades analisadas após a adoção desse imunizante no calendário vacinal”, comenta o assessor médico em Infectologia do Fleury, Celso Granato.