Estudo sugere que apenas dois antimicrobianos combatem a N. gonorrhoeae em São Paulo | Revista Médica Ed. 2 - 2016


Neisseria gonorrhoeae vista à luz da microscopia eletrônica de transmissão.


Os exames indicados para o diagnóstico da infecção por Neisseria gonorrhoeae, independentemente do sítio acometido, são a PCR, técnica mais sensível, e a cultura em meio seletivo, que traz a vantagem de permitir a avaliação da resistência antimicrobiana. O antibiograma tem utilidade na escolha terapêutica, na medida em que convém evitar antimicrobianos com taxa de resistência igual ou superior a 5%. Afinal, na ausência desse teste, o tratamento usualmente é empírico e feito com base em dados da epidemiologia local.

Tal cenário levou a equipe de Microbiologia do Fleury a avaliar o perfil de sensibilidade da N. gonorrhoeae por meio da análise de 45 casos detectados no laboratório no período de junho de 2013 a dezembro de 2014. No estudo, cinco antibióticos foram testados com o Etest para a determinação da concentração inibitória mínima.

A ceftriaxona foi o antimicrobiano mais ativo, seguida pela azitromicina, com 100% e 93,4% de sensibilidade, respectivamente. Por outro lado, a taxa de resistência à penicilina chegou a 8,8%, com 68,8% de sensibilidade intermediária, o que atualmente impede seu uso na prática clínica. A tetraciclina e o ciprofloxacino mostraram resultados alarmantes, com resistência de 33,3% e de 53,3%, respectivamente. “Na prática, tais dados evidenciam que, na cidade de São Paulo, apenas a azitromicina e a ceftriaxona podem ser utilizadas no tratamento de pacientes com gonorreia”, alerta o assessor médico do Fleury em Microbiologia, Jorge Sampaio.