Para o tratamento adequado da infecção pelo HIV, a genotipagem viral é fundamental, já que identifica mutações no vírus associadas a diferentes graus de resistência a uma ou mais drogas antirretrovirais das diversas classes existentes. No Fleury, a metodologia vigente, implantada em maio de 2015, realiza o sequenciamento do gene pol, incluindo a região da protease e da transcriptase reversa, e compara os resultados com o banco de dados da Universidade de Stanford.
A partir dessas informações, o grupo de Virologia do Fleury desenvolveu um trabalho para avaliar as mutações mais comumente encontradas no genoma do HIV nas amostras estudadas, de forma a alcançar um escore indicativo da eficácia terapêutica presumida de cada medicamento em nossa população.
Assim, foram analisadas 331 sequências genômicas do HIV, obtidas em diferentes amostras processadas a partir de maio de 2015 no laboratório, com o objetivo de determinar a frequência das mutações que conferem resistência aos medicamentos antirretrovirais mais utilizados, conforme as seguintes classes: inibidores de transcriptase reversa análogos ou não análogos de nucleosídeos (ITRN e ITRNN, respectivamente) e inibidores de protease (IP).
Para identificar as drogas com menor efeito na população avaliada, os pesquisadores multiplicaram a frequência de cada uma das mutações pelo seu “peso”, definido por Stanford – o qual reflete, em última análise, o impacto de cada mutação no desempenho das medicações disponíveis. Por essa lógica, os medicamentos com maior escore teriam eficácia reduzida na população estudada, pois a pontuação elevada refletiria alta frequência de mutações de resistência e/ou alto peso das mutações identificadas. Na casuística analisada, as drogas lamivudina (3TC), nevirapina (NVP) e nelfinavir (NFV) apresentaram escore compatível com menor efeito, ao contrário do tenofovir (TDF), da etravirina (ETR) e do darunavir (DRV/r), que, segundo a pontuação alcançada, se mostraram mais eficazes (fio para quadro).
O estudo tem importância epidemiológica relacionada ao sucesso do tratamento do HIV, visto que traz informações úteis para estimar a eficácia dos medicamentos disponíveis em cenários em que a genotipagem não é acessível. “Os resultados foram muito próximos do esperado, diante do histórico de disponibilização e da frequência de utilização de cada uma dessas drogas no Brasil”, destaca a assessora médica do Fleury em Infectologia, Carolina Lázari. “Contudo, para que esses dados sejam representativos do que realmente ocorre na população brasileira sob terapia antirretroviral, precisamos aumentar o número de sequências genômicas provenientes de outras regiões do Brasil, uma vez que a maioria (75%) das amostras que analisamos proveio de São Paulo e do Rio Grande do Sul”, pondera ela, acrescentando que, dessa forma, a continuidade do estudo é essencial.
Modelo molecular do tenofovir, um dos antirretrovirais que, na população avaliada pelo estudo, exibiu escore relativo a uma maior eficácia.
Escore obtido para as diferentes drogas segundo o tipo de mutação no HIV | |
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Tipo de mutação | Comparação entre as drogas de acordo com o escore obtido |
Grupo ITRN | 3TC = FTC > ABC > DDI > D4T = AZT > TDF |
Grupo ITRNN | NVP > EFV > RPV > ETR |
Grupo IP | NFV > IDV/r > LPV/r > SQV/r > ATV/r > FPV/r > TPV/r > DRV/r |
* O escore é inversamente proporcional à eficácia da medicação na população estudada.
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