Estudo valida profilaxia usada para infecções graves em recém-nascidos | Revista Médica Ed. 9 - 2011

Agente importante de meningite, bacteriemia e sepse em recém-nascidos, o Streptococcus agalactiae – também denominado estreptococo beta-hemolítico do grupo B (EGB) – em geral provém do canal de parto ou da região perianal da mãe, onde pode estar presente como colonizante em 10% a 30% das gestantes.

Diante da gravidade da infecção neonatal, a cultura de secreção vaginal e de swab retal específica para detecção de EGB tem sido indicada rotineiramente entre a 35ª e a 37ª semana de gestação, a fim de identificar mulheres elegíveis para a quimioprofilaxia intraparto com penicilina, capaz de reduzir em até 30 vezes a incidência de doença por EGB no recém-nascido. A clindamicina é a alternativa preconizada em casos de alergia a betalactâmicos.

Objetivando estudar a epidemiologia e o perfil de sensibilidade de EGBs envolvidos em infecções ou em colonizações perinatais, pesquisadores do Grupo Fleury avaliaram 106 cepas da bactéria isoladas de amostras clínicas oriundas de recém-nascidos (sangue e secreção de coto umbilical) ou de gestantes (urina e secreção vaginal). Analisadas geneticamente por meio de eletroforese de DNA em campo pulsado, as cepas foram distribuídas em cinco grupos clonais, de A a E.

Os isolados demonstraram-se sensíveis à maioria dos antimicrobianos testados – nominalmente, penicilina, ceftriaxona, clindamicina, levofloxacina e vancomicina –, porém 4,7% deles foram resistentes à eritromicina e apresentaram resistência indutiva à clindamicina (D-teste positivo). Curiosamente, todos os isolados com esse fenótipo pertenciam ao grupo clonal B, embora alguns outros integrantes desse grupo tenham sido sensíveis a tais fármacos.

Os achados confirmaram a segurança do uso de penicilina como antibiótico de escolha para a profilaxia intraparto da doença neonatal por EGB, na ausência de alergia materna a betalactâmicos. “Por outro lado, assinalam a importância do direcionamento da conduta com base no antibiograma em gestantes alérgicas, dada a taxa significativa de resistência à eritromicina, que pode estar associada à resistência à clindamicina, a qual precisa ser afastada por meio do D-teste”, comenta o assessor médico em Microbiologia do Fleury, Jorge Luiz Mello Sampaio.

Autores: SOUZA, V.C.; SANTOS, E.A.; PAULA, G.R.; KEGELE, F.C.O.; BARROS, R.R.


Teste de sensibilidade de Streptococcus evidencia resistência à clindamicina, expressa após exposição à eritromicina (D-teste positivo)

Assessoria Médica
Dr. Jorge Luiz M. Sampaio: [email protected]