Estudo vê associação entre frequência cardíaca e queda da fração de ejeção do VE em cintilografia miocárdica | Revista Médica Ed. 3 - 2014

Método não invasivo na investigação da isquemia, a cintilografia de perfusão miocárdica (CPM) permite a obtenção de informações funcionais adicionais de valor diagnóstico e prognóstico

Método não invasivo na investigação da isquemia, a cintilografia de perfusão miocárdica (CPM) permite, com o advento da sincronização do eletrocardiograma ao estudo de perfusão pela técnica de gated-Spect, a obtenção de informações funcionais adicionais de valor diagnóstico e prognóstico, como a queda da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) e a diferença de frequência cardíaca (FC) na etapa de estresse em relação à basal.

Como muitos pacientes com perfusão normal apresentam particularmente a queda da FEVE, o Grupo de Medicina Nuclear e Cardiologia do Fleury conduziu um trabalho para melhor caracterizar tal achado, cujo significado ainda não está completamente estabelecido. Para tanto, foram analisadas 381 cintilografias realizadas por protocolo-padrão de um dia, 78% delas com teste ergométrico e as restantes com estímulo farmacológico com dipiridamol. Os pacientes tinham média de idade de 59,8 anos, dos quais 30,2% eram do sexo feminino, 46,2%, hipertensos, 12%, diabéticos, e 34,2%, dislipidêmicos. Do total da amostra avaliada, 340 demonstraram perfusão normal à CPM e 41, perfusão anormal, ou seja, com presença de hipocaptações fixas, sugestivas de fibrose miocárdica, e/ou transitórias, sugestivas de isquemia, após o estresse.

Como queda da FEVE, o estudo considerou um valor igual ou superior a 5% depois do estresse e, como diferença de FC, a ocorrência de, pelo menos, dez batimentos por minuto (bpm) a mais na fase de estresse em relação à basal. A média desta última, encontrada entre as aquisições no esforço e no repouso, foi de 12,9 bpm e de 16,3 bpm nos grupos com perfusão normal e anormal, respectivamente. Observou-se associação significativa entre a diferença de FC e a queda da FEVE após o esforço, tanto nos pacientes com cintilografia normal (p=0,001) quanto nos indivíduos com CPM alterada (p=0,018). Para ambos os grupos, porém, o achado não foi evidenciado nos exames feitos com estresse farmacológico.

Imagens de cintilografia com perfusão normal (na direita) e anormal (na esquerda)
Southern Illinois University/Photoresearchers/Latinstock

Vale destacar que apenas a hipertensão se associou à queda da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, dentre os fatores de risco que eventualmente poderiam estar vinculados a esse evento, e, mesmo assim, somente para o grupo com perfusão normal (p<0,001). “Os resultados obtidos ressaltam a vantagem de verificar a frequência cardíaca durante a aquisição das imagens de repouso e de estresse da cintilografia, já que ela identifica possíveis causas de queda da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, em pacientes com perfusão normal, que não estão associadas a uma piora da função ao esforço”, assinala a biomédica Lidiane Lima, assis¬tente do Grupo de Medicina Nuclear e Cardiologia do Fleury.

Autores: Lima L; Filippi, P; Oliveira, MAC; Smanio, PEP.