Desde 1977, quando Mario Rizzetto et al descreveram o “antígeno delta” em biópsias hepáticas de pacientes infectados pelo vírus da hepatite B (VHB), muito conhecimento sobre esse curioso patógeno foi publicado. Entretanto, ainda há muitas dúvidas sobre sua prevalência, epidemiologia e importância em pacientes portadores do VHB.
O vírus da hepatite delta (VHD) é um vírus RNA incompleto, pois não tem envelope e depende do VHB para sua transmissão e também para entrar no hepatócito. Sua presença inibe a replicação viral do VHB. Dessa forma, existem duas maneiras possíveis de contaminação: a coinfecção e a superinfecção. Na primeira, o indivíduo se contamina com ambos os agentes ao mesmo tempo, tendendo a apresentar um curso agudo que pode ser mais grave ou até fulminante, mas com evolução para a cura na maioria dos casos. Na segunda, um paciente já portador crônico do VHB se infecta pelo VHD, o que costuma provocar uma exacerbação da atividade da doença, sem cura e com evolução posterior rápida para cirrose, insuficiência hepática e hepatocarcinoma.
No Brasil, a hepatite delta é classicamente conhecida como endêmica na Amazônia Ocidental, afetando 30% dos portadores do VHB na região. Entretanto, a doença é pouco pesquisada em outras áreas de nosso território. Estudo realizado em Minas Gerais revelou frequência de 6,2% entre doadores de sangue HBsAg-positivos. No Maranhão, outro estudo realizado em cinco cidades encontrou 8,7% de prevalência entre portadores do VHB. Pacientes coinfectados com HIV também têm prevalência aumentada, em comparação com HIV-negativos, em levantamentos feitos em São Paulo e Mato Grosso.
O fato é que o VHD é pouco rastreado e lembrado, de modo que sua frequência pode estar subestimada. Agravando esse cenário, trata-se de uma infecção mais prevalente em áreas com menor índice de desenvolvimento. Entretanto, convém assinalar que migrações maciças vêm ocorrendo no Brasil e no mundo e são capazes de mudar a distribuição da hepatite delta.
Muitos autores têm sugerido que a doença deveria ser pesquisada em qualquer portador crônico do VHB, mas não há avaliação de custo-efetividade dessa estratégia. No Brasil, recomenda-se a pesquisa em pessoas com hepatite B provenientes de áreas endêmicas. Contudo, uma vez que a transmissão do VHD é semelhante à do VHB, parece importante que a história epidemiológica contemple também atividade sexual com pessoas provenientes de áreas endêmicas, possibilidade de transmissão vertical, histórico de transfusões e uso de drogas injetáveis. Da mesma forma, pacientes portadores de hepatite B com anti-HBe negativo, HBV-DNA baixo (abaixo de 2.000 UI/mL) ou indetectável e enzimas elevadas igualmente precisam ser avaliados quanto à possibilidade de superinfecção com VHD.
No Fleury, a hepatite delta é investigada pela pesquisa de anticorpos totais (IgG e IgM) por quimioluminescência, método que apresentou, em validação interna, sensibilidade e especificidade de 94,7% e 98,9%, respectivamente.
CONSULTORIA MÉDICA
Dra. Márcia Wehba Esteves Cavichio
Dra. Patrícia Marinho Costa de Oliveira
Dra. Soraia Tahan
Fleury conta com todos os recursos para a investigação, incluindo um setor de provas funcionais.
Publicação destaca o diagnóstico por imagem das doenças neurometabólicas.
Ressonância magnética é útil especialmente em casos mais complexos da doença
Exame fornece informações sobre fisiologia, anatomia e ritmo cardíaco do feto.