Um trabalho realizado na Espanha e publicado no periódico Vaccine, em janeiro último, ressaltou a importância da imunização da gestante contra a Bordetella pertussis, especialmente para manter o recém-nascido com níveis altos de anticorpos durantes os primeiros meses de vida.
Após ter comparado os níveis séricos de IgG específica para esse agente em grávidas antes e depois da vacina, assim como nos recém-nascidos, o estudo mostrou que os valores de anticorpos considerados protetores nas mulheres subiram de 37%, antes da imunização, para 90,2%, depois da aplicação da tríplice bacteriana acelular do adulto (dTpa). Contudo, o achado mais relevante do trabalho envolveu mesmo os neonatos: 95% dos bebês apresentaram níveis satisfatórios de anticorpos contra a coqueluche ao nascimento. Além disso, 89% ainda tinham títulos detectáveis aos 2 meses de vida, idade em que tradicionalmente iniciam o esquema vacinal para prevenir essa doença.
Vale observar que os valores de IgG pós-vacinação atingidos no soro materno foram o principal fator determinante dos níveis de anticorpos neonatais revelado pela pesquisa (veja o gráfico). A idade gestacional ao parto também se mostrou um aspecto de importante influência.
Atualmente um problema de saúde pública, a coqueluche constitui uma das principais causas de morbimortalidade em crianças menores de 6 meses no mundo. Diante do aumento do número de casos nos últimos anos, medidas de controle têm sido propostas, sobretudo a vacinação, o único meio eficaz de combater a epidemia. Não sem justificativa, portanto, os Centers for Disease Control and Prevention recomendam a imunização da mulher em cada gestação entre 27 e 36 semanas de gravidez, período considerado ideal para a administração da vacina dTpa.
Vacinação de gestantes X níveis de anticorpos contra a coqueluche em neonatos
Níveis de anticorpos no recém-nascido estão diretamente associados aos níveis séricos maternos.
Referência: adaptado de Vilajeliu et al. Vaccine 33 (2015) 1056–1062.
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