Imunocitoquímica para p16/Ki-67 na triagem de pacientes com HPV

Predição de risco de malignidade de lesões causadas por HPV ganha novo aliado.

A infecção pelo papilomavirus humano (HPV), apesar de muito prevalente em nosso meio, pode se apresentar de forma transitória, não trazendo grandes repercussões clínicas às pacientes. Entretanto, em parte dos casos, a infecção se torna persistente e é nesse contexto que nos deparamos com o surgimento de lesões de alto grau.

Entre os possíveis mecanismos de resposta à infecção viral está a resposta inflamatória, que, muitas vezes, pode acabar gerando dúvidas morfológicas para um diagnóstico mais assertivo. E surge a dúvida: o que posso fazer para melhor atender essa paciente?

É necessário termos em mente que o principal objetivo dos exames de rastreio de câncer de colo uterino é o de identificar, o mais precocemente possível, as neoplasias originadas no colo uterino e suas lesões precursoras. Em sua imensa maioria, essas lesões são relacionadas à infecção pelo HPV.

Dessa forma, torna-se fundamental verificarmos se a paciente apresenta alterações morfológicas no exame citológico, se há infecção por HPV e, caso positivo, se o processo é transformante – estando, assim, mais fortemente associado ao desenvolvimento de lesões de alto grau. Para ilustrar esse contexto, confira um caso clínico.

Paciente do sexo feminino, 28 anos, com exames de rastreio com os seguintes achados:

  • Pesquisa de HPV de alto risco oncogênico positiva pelo método de reação em cadeia de polimerase (PCR).
  • À colposcopia, área de epitélio plano acetobranco tênue entre 4 e 8 horas, com captação de lugol negativa, junto ao orifício externo (figura 1).
  • À biópsia, cervicite crônica com reepitelização, metaplasia escamosa imatura do epitélio colunar e exocitose, com alterações citoarquiteturais compatíveis com infecção pelo HPV (figura 2).


Figura 1

Figura 2

Esses resultados não permitem saber se a infecção pelo HPV é transitória – e, portanto, sem repercussões clínicas à paciente – ou persistente, com maior risco de desenvolvimento de lesão de alto grau. Por isso, foi sugerido ao médico-assistente a realização da pesquisa imunocitoquímica em material de citologia em meio líquido para a coexpressão de p16 e Ki-67 (teste CINtec® Plus).

A dupla marcação imunocitoquímica de p16 e Ki-67 vem sendo proposta como um teste de elevada sensibilidade para predizer o risco de desenvolvimento de lesão de alto grau em mulheres com DNA de HPV de alto risco.

A coexpressão de p16 e Ki-67 na mesma célula em imunocitoquímica indica fortemente a presença de infecção transformante e está associada a risco maior de lesões de alto grau induzidas por HPV. No caso citado como exemplo, o exame detectou a coexpressão da p16 e do Ki-67 (figura 3), possibilitando que fosse dado à paciente o seguimento adequado.

Figura 3

Indicações da pesquisa molecular do HPV e da imunocitoquímica para p16/Ki-67 (teste CINtec® Plus)

Pesquisa molecular do HPV*

  • Estratificação de risco (rastreamento primário) para lesões pré-neoplásicas ou neoplásicas, com ou sem citopatologia, em mulheres com idade ≥30 anos
  • Seguimento pós-tratamento de lesões de alto grau
  • Diferenciação de processos reativos não induzidos pelo HPV em citologias com células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US)

Teste CINtec® Plus

  • Mulheres de 30 a 65 anos com citologia com resultado negativo e teste de HPV de alto risco positivo
  • Mulheres de 25 a 65 anos com citologia com ASC-US ou lesão intraepitelial escamosa de baixo grau e teste de HPV de alto risco positivo

*O teste utilizado no Fleury (Cobas® 4800 Human papillomavirus, Roche) detecta, de modo qualitativo, 14 tipos de HPV de alto risco oncogênico (16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 66 e 68), além de informar individualmente a presença do 16 e/ou do 18.


Consultoria Médica

Dr. Aloísio Souza F. da Silva
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Dra. Carolina da Silva Andriotti
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Dr. Mauro Tadeu Ajaj Saieg
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Dra. Mônica Stiepcich
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Dra. Carolina Franzoni Pratti
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Dra. Márcia Emy Tubaki
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