Incidência do câncer de pele deve dobrar em 30 anos | Revista Médica Ed. 2 - 2014

Incidência do câncer de pele é a que mais cresce no Brasil

A previsão torna as medidas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento ainda mais relevantes


Estudo histológico de um nevo confirma o diagnóstico de melanoma

 

A publicação Estimativa 2014 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada em novembro de 2013, mostrou que, neste ano, o câncer mais incidente na população brasileira será o de pele, seguido pelo de próstata e pelo de mama, e ressaltou a importância das ações de prevenção, detecção precoce e tratamento.
 

Dividido nos subtipos melanoma e não melanoma, o câncer de pele é o tumor maligno mais frequente na população mundial e tanto suas taxas de incidência quanto de mortalidade conti¬nuam aumentando anualmente. Estima-se que hoje haja de 2 a 3 milhões de casos do não melanoma por ano no mundo e que essa incidência dobre nos próximos 30 anos (veja os dados do Brasil no quadro abaixo).

 

Os carcinomas basocelulares, que raramente evoluem com metástases, respondem por 80% a 85% dos tumores não melanoma, enquanto os espinocelulares são responsáveis pelos 15% a 20% restantes. Ambos estão diretamente relacionados à exposição solar cumulativa e, embora pouco agressivos, associam-se a grande impacto físico e psicológico, pois podem resultar em cicatrizes inestéticas ou desfigurantes. O melanoma, por sua vez, representa somente 3% de todas as neoplasias de pele, mas provoca 75% das mortes por esses cânceres.

 

Embora a doença tenha causa multifatorial, a radiação ultravioleta (RUV) mostra-se cada vez mais como um potente agente carcinogênico, assumindo papel central no desenvolvimento do tumor por diferentes mecanismos, como dano direto ao DNA, mutações gênicas, especialmente no gene p53, envolvido na reparação do DNA e na apoptose de células comprometidas, e desenvolvimento de reações oxidativas e inflamatórias, entre outros. Ademais, sabe-se que a RUV configura fator de imunossupressão e diminui a função celular de apresentação de antígenos, estimulando ainda a produção de citocinas imunossupressoras e modulando reações de contato e de hipersensibilidade tardia. 

 

 

Estimativa de casos novos de câncer de pele no Brasil em 2014
 

Tipo
Não melanoma
Melanoma
População masculina
98.420
2.960
População feminina
83.710
2.930

  Fonte: Ministério da Saúde.

 

 

Raios UVA e UVB

 

De 90% a 99% da radiação que atinge a superfície terrestre é do tipo UVA (de 320 a 400 nm), enquanto a UVB (de 280 a 320 nm) responde por 1% a 10%. Constante ao longo do dia e capaz de atravessar as nuvens e o vidro, a primeira tem baixa energia, penetra profundamente na pele e, além de causar pigmentação e envelhecimento, não é mais considerada inócua em relação ao câncer, sobretudo em exposições excessivas e prolongadas. Por outro lado, a UVB, filtrada em grande parte pela camada de ozônio e pelas nuvens e com pico de incidência entre 10 e 16 horas, atinge somente as camadas superficiais da epiderme, porém, em vista de sua grande energia, pode determinar queimaduras graves, razão pela qual é a principal associada à neoplasia de pele. 

 

Assim sendo, as estratégias de prevenção da doença permanecem fundamentais para o controle do câncer de pele e, diante do risco crescente, devem ser orientadas e estimuladas constantemente, dada sua efetividade. Destacam-se, dentre elas, o uso de barreiras físicas e de cremes fotoprotetores de amplo espectro, inclusive para crianças e bebês a partir de 6 meses de vida, além de avaliação dermatológica anual e procedimentos diagnósticos rotineiros, como a dermatoscopia das lesões relevantes e o mapeamento corporal dos nevos.

 

 

Quem tem maior risco?
Apesar da miscigenação da população brasileira, as pessoas de pele, cabelos e olhos claros, com sardas, e que são incapazes de se bronzear e têm antecedentes de queimaduras solares, apresentam maior risco para a doença. Somam-se a essas características a história familiar de tais tumores e a presença de um grande número de nevos.

 

 

Assessoria Médica
Dr. Fernando Sperandeo de Macedo
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