O que dizem as recomendações recentes do Ministério da Saúde sobre o diagnóstico da infecção pelo HIV
Diante da contínua evolução dos conhecimentos sobre a imunopatogenia da infecção pelo HIV, fica evidente que a investigação laboratorial desses casos deve ser individualizada conforme o tempo decorrido a partir do provável momento do contágio. Ademais, há uma preocupação crescente com o diagnóstico precoce, uma vez que a literatura científica é cada vez mais assertiva em relação aos benefícios do tratamento precoce, seja para prevenir as consequências da replicação viral persistente, seja para reduzir o potencial de transmissão do vírus, tática denominada “tratamento como prevenção”, ou TasP, do inglês, treatment as prevention.
Esse contexto inviabiliza a utilização de um algoritmo diagnóstico único para todos os casos. Além disso, a versatilidade facilita a adequação a diferentes cenários e disponibilidades de recursos. Foi com base nessas premissas que o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (MS) brasileiro publicou, no fim de 2013, uma nova portaria sobre o assunto, que revogou a anterior, de 2009, e estabeleceu a utilização de um manual técnico que traz seis possibilidades de fluxograma para o diagnóstico da infecção pelo HIV. O material já está em sua segunda edição, publicada em junho de 2014.
As principais novidades em relação às recomendações anteriores, além da maior variedade de algoritmos legalmente respaldados, são a possibilidade de confirmação diagnóstica apenas com testes rápidos (TR) – inclusive os realizados em fluido oral – e a incorporação dos exames de biologia molecular na etapa confirmatória do fluxograma.
Embora, no Brasil, os métodos rápidos sejam utilizados desde 2006, era obrigatória a confirmação de seus resultados por técnicas mais complexas, que requerem, obrigatoriamente, o processamento em laboratório, como imunofluorescência e Western blot (WB). Com os novos fluxogramas, o diagnóstico pode ser feito com o uso exclusivo de TR, também chamados de testes remotos ou point of care, realizados no mesmo ambiente do atendimento. Contudo, essa possibilidade não se aplica a todos os casos.
Quando usar os testes rápidos |
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Dos seis fluxogramas dispostos no manual técnico, os dois que se baseiam em TR (sangue ou fluido oral) destinam-se apenas a situações específicas em que a rapidez e a realização presencial do teste se justificam, conforme as indicações respaldadas pelo MS: |
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¹ Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deve ser coletada 30 dias após a data da primeira coleta.
² Emitir resultado indeterminado e coletar nova amostra após 30 dias da data da coleta.
³ Coletar segunda amostra e repetir o IE de 4ªG para concluir o resultado.
A rotina do Fleury na testagem para HIV |
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Há vários anos, os testes imunoenzimáticos de quarta geração já são empregados pelo Fleury para o diagnóstico de infecção pelo HIV, em virtude de sua maior sensibilidade e da precocidade da soroconversão. Após ampla discussão, optou-se por manter o WB como teste confirmatório, pois esse método possibilita a realização sequencial de ambas as etapas na mesma amostra, independentemente do pedido médico. Contudo, nas situações em que há indicação da PCR, o laudo sai com uma nota sobre a necessidade de emissão de um novo pedido médico e de uma nova coleta, visto que essa metodologia é feita no plasma. |
PCR para confirmação
Com a crescente utilização dos testes imunoenzimáticos de quarta geração na triagem – que detectam antígenos do HIV, além de anticorpos específicos contra ele –, as recomendações anteriores passaram a ter o inconveniente de adotar técnicas que detectam somente anticorpos para a confirmação. Nos casos de infecção recente, em que o imunoensaio de quarta geração é precocemente positivo devido à presença de altas concentrações do antígeno p24 do HIV, os testes sorológicos confirmatórios, a exemplo do WB, podem ser negativos ou inconclusivos por detectarem somente anticorpos, que são produzidos mais tardiamente.
Diante disso, os algoritmos mais atuais permitem a adoção de técnicas como a reação em cadeia da polimerase (PCR) na etapa confirmatória, em amostras com imunoensaio positivo, embora tenha sido mantida a possibilidade de empregar o WB. Contudo, na suspeita de infecção recente, com possível contágio ocorrido há menos de quatro semanas ou diante de sinais sugestivos de síndrome retroviral aguda, a PCR é a metodologia preferencial para confirmar o resultado. Caso seja realizado WB, que é ainda o procedimento mais comum nos laboratórios brasileiros, exames negativos ou inconclusivos devem obrigatoriamente motivar a solicitação da PCR.
Você conhece os controladores de elite? |
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Existe uma condição peculiar que ocorre em menos de 1% dos infectados pelo HIV, nos quais a carga viral é persistentemente indetectável sem que o indivíduo esteja sob tratamento com antirretrovirais. Essas pessoas são consideradas “controladoras de elite” da infecção, provavelmente devido a fatores individuais de determinação genética que dificultam a replicação viral ou induzem resposta imunológica mais eficiente, e raramente desenvolvem aids no curto e no médio prazo. Em tais casos, todos os testes sorológicos, de triagem e confirmatórios, são repetidamente positivos. Por isso se indica a realização do WB quando o teste imunoenzimático é positivo e a PCR, indetectável. |
Assessoria Médica |
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Dra. Carolina S. Lázari [email protected] Dr. Celso F. H. Granato [email protected] |
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