Integração de testes genéticos promove melhor caracterização da LMA | Revista Médica Ed. 2 - 2017

A leucemia mieloide aguda (LMA) – a mais frequente em adultos – provém de lesões genéticas somáticas nas células progenitoras hematopoéticas, que alteram seu ciclo de vida normal.

A leucemia mieloide aguda (LMA) – a mais frequente em adultos – provém de lesões genéticas somáticas nas células progenitoras hematopoéticas, que alteram seu ciclo de vida normal. O cariótipo (KT) é fundamental na investigação desse quadro, uma vez que identifica alterações que auxiliam o diagnóstico, o prognóstico, a escolha do tratamento e o monitoramento da doença. Contudo, alguns casos apresentam KT normal e, nesse cenário, a incorporação de outros exames pode ser necessária para abranger as diferentes possibilidades de mutações. Como exemplos, destaca-se o SNP array (SNPa), um método genômico capaz de avaliar todos os cromossomos simultaneamente, sem a necessidade de divisão celular, com alta resolução, permitindo a detecção de perdas e ganhos de material genético e de dissomia uniparental, embora não identifique translocações e poliploidia. Da mesma forma, o sequenciamento de nova geração (NGS) possibilita, em um mesmo momento, analisar diversos genes relacionados à doença.


Com o objetivo de avaliar a integração desses testes na caracterização da LMA, a equipe de Hematologia e Citogenética do Grupo Fleury estudou, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o perfil genético de 49 portadores da neoplasia atendidos na universidade. Para tanto, os pesquisadores usaram amostras de medula óssea coletadas ao diagnóstico e submetidas à análise pelos três métodos – KT, SNPa (CytoScan HD®) e NGS (Ion AmpliSeq AML Panel), o primeiro realizado na Unifesp e os demais, no Fleury.


Os pacientes foram divididos em três grupos, ou seja, KT normal (20 casos), KT sem metáfase (14 casos) e KT alterado (15 casos), nos quais os três métodos levaram à detecção de, pelo menos, uma alteração em 96% dos casos, aumentando o espectro das mutações encontradas e possibilitando o conhecimento das diversas vias comprometidas na LMA. Ademais, o NGS ainda evidenciou a frequência dos genes mutados.


“Devido à heterogeneidade da LMA, a expectativa é de que a avaliação desse conjunto de dados possa, num futuro próximo, individualizar o tratamento e oferecer, por meio de uma medicina personalizada, condições para o manejo ideal da doença visando à cura”, conclui a assessora médica do Fleury em Hematologia e Citogenética, Maria de Lourdes Chauffaille.

Autores: Mitne-Neto, M; Noronha, TR; Chauffaille, ML.


Uso conjunto dos diferentes testes na caracterização genética da LMA

  

  


Células sanguíneas provenientes de mielograma em um caso de LMA.

Genes mais frequentemente mutados determinados pelo NGS

  


O trabalho foi tese de doutorado do aluno de pós-graduação do Programa de Hematologia e Hemoterapia da Unifesp, Thiago Noronha.