Exame agora inclui pesquisa de mutação nos genes BRAF e TERT, além da expressão do micro-RNA miR-146
Entre os fatores utilizados para avaliar a natureza benigna ou maligna de um nódulo de tiroide estão seu tamanho, suas características ultrassonográficas, a presença de metástases linfonodais e, mais recentemente, o resultado de testes moleculares como o mir-THYpe®, indicado na avaliação dos nódulos indeterminados ao estudo citológico.
Princípio do teste:
Baseia-se na análise do perfil de expressão de micro-RNA (incluindo o miR-146b) e na pesquisa das mutações do gene BRAF (V600E) e no promotor do gene TERT (C228T e C250T), marcadores diagnósticos e prognósticos.
Indicação:
Indicado especificamente para nódulos classificados como categoria III e IV de Bethesda. Pode ser feito em pacientes com nódulos de categoria V para programação da extensão da cirurgia.
Interpretação do resultado:
Um nódulo classificado como Bethesda III, IV ou V, com resultado negativo no teste molecular, pode, a critério clínico, receber seguimento clinico e ultrassonográfico, dispensando a cirurgia, visto que o valor preditivo negativo (VPN) do teste, ou seja, sua chance de identificar nódulo benigno, é de 96%, o que significa queda no risco de malignidade para cerca de 4%. Já um resultado positivo, para as mesmas categorias citológicas, aumenta o risco de malignidade para 76% (valor preditivo positivo, ou VPP).
Com a inclusão da pesquisa de mutação de BRAF e de TERT, assim como da expressão do miR-146b, o exame se tornou mais acurado na identificação de nódulos malignos e de maior potencial de agressividade.
Coleta do material:
A análise molecular é realizada nas mesmas lâminas da PAAF utilizadas para o estudo citológico. Assim, não há necessidade de nova punção para coleta do material.
Performance do teste:
VPN: 95,9%
Sensibilidade: 94,5%
VPP: 76,1%
Especificidade: 81%
Acurácia: 86,3%
Prevalência de malignidade na população estudada: 38,9%
Nota 1: Para o cálculo da performance do teste, foram avaliados 82 nódulos de tiroide das categorias III, IV e V1.
Nota 2: Dados extraídos da publicação (Santos MT e col. Thyroid 2018 28(12): 1618-1626), realizada previamente à inclusão da pesquisa de BRAF, TERT e miR-146b.
Vantagens do método:
Dispensa nova punção.
Apresenta elevados VPN e VPP.
Foi desenvolvido e validado na população brasileira1.
Significado dos achados:
BRAF V600E isoladamente: a presença dessa mutação associa-se a uma alta probabilidade (>98%)2 de carcinoma papilífero da tiroide. Embora alguns estudos sugiram que essa alteração seja preditora de agressividade e pior prognóstico clínico3, não há ainda um consenso na literatura sobre seu real poder prognóstico quando encontrada de forma isolada4,5.
pTERT C228T ou C250T isoladamente: quando isolada, está relacionada a uma alta probabilidade (>99%) de carcinoma papilífero da tiroide e prediz comportamento tumoral mais agressivo e de pior prognóstico3.
BRAF V600E em associação com pTERT C228T ou C250T: a coexistência dessas mutações é associada a uma alta probabilidade (>99%) de carcinoma papilífero da tiroide e também é preditora de comportamento tumoral mais agressivo e de pior prognóstico (especialmente com pTERT C228T)3, 8, 9.
miR-146b superexpresso: a superexpressão desse micro-RNA tem associação com uma alta probabilidade (>92%) de carcinoma papilífero da tiroide e maior risco de metástase linfonodal10.
Referências
1. Santos MT, Buzolin AL, Gama RR, et al. 2018 Molecular Classification of Thyroid Nodules with Indeterminate Cytology: Development and Validation of a Highly Sensitive and Specific New miRNA-Based Classifier Test Using Fine-Needle Aspiration Smear Slides. Thyroid 28(12): 1618-1626.
2. Goldner WS, et al., 2019 Thyroid 29(11).
3. Zhao SS, et al., 2019 Int J Clin Exp Med 12(3) 2121-2131.
4. Haugen BR, et al., 2016 Thyroid 26: 1–133.
5. Scheffel RS & Maia AL 2019 Arq Bras Endocrinol Metab 63(2):95-96.
6. Gan X, et al., 2020 Oncol Lett 19(1):631-640.
7. Crispo F, et al., 2019 Cancers (Basel) 11(9):1388.
8. Trybek T, et al., 2019 Endocrinology160(10):2328-2338.
9. Xing M, et al., 2014, J Clin Oncology 32(25):2718-2716.
10. Han PA, et al., 2016 Thyroid 26(4): 531-542.
Consultoria médica
Dr. José G. H. Vieira
Dr. José Viana Lima Junior
Dra. Maria Izabel Chiamolera
Dra. Milena G. Teles Bezerra
Dr. Pedro Saddi
Dra. Rosa Paula Mello Biscolla
Dr. Rui M. B. Maciel
Participação incluirá aulas e apresentação de pôsteres.
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