Investigação de refluxo gastroesofágico por impedâncio-pH-metria | Revista Médica Ed. 2 - 2006

A técnica detecta o refluxo não-ácido e determina suas características físicas

A técnica detecta o refluxo não-ácido e determina suas características físicas

Diversos exames complementares auxiliam o especialista no diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). A pH-metria esofágica prolongada é considerada o melhor método para analisar o refluxo ácido, porém não pode detectar o não-ácido, freqüentemente denominado, de modo inadequado, refluxo alcalino. A impedâncio-pH-metria esofágica prolongada foi desenvolvida justamente com a finalidade de preencher essa lacuna, uma vez que possibilita a detecção do refluxo com ou sem acidez e a análise de suas características físicas – se é líquido, gasoso ou misto. Várias publicações têm apontado que, entre pacientes com DRGE que mantêm sintomas após o uso de medicação anti-secretora, a impedâncio-pH-metria diagnostica refluxo não-ácido em 45% dos casos e manutenção do refluxo ácido em outros 10%, apesar do tratamento. Nos demais 45%, o exame consegue caracterizar que o quadro sintomático persistente não decorre de refluxo gastroesofágico. Evidentemente, a identificação desses subgrupos contribui sobremaneira com a orientação terapêutica.


Principais indicações da impedâncio-pH-metria esofágica prolongada
1. Manutenção de sintomas a despeito do uso de medicação anti-secretora. Neste caso, o exame deve ser realizado sem que o paciente interrompa o tratamento.
2. Suspeita clínica ou endoscópica de refluxo gastroesofágico não comprovada por pH-metria convencional.
3. Suspeita de refluxo não-ácido, como gastrectomia prévia, gastrite atrófica e presença de sintomas que independem da acidez, a exemplo de eructação, disfonia, pigarro, tosse e broncoespasmos.
Cateter de impedâncio-pH-metria esofágica. Há seis campos de medida de impedância, que caracterizam a ascensão do refluxo, e um sensor distal de pH, que aponta se o material refluído é ácido ou não-ácido.

Nota-se que houve ascensão de material do estômago para o esôfago, caracterizando o refluxo gastroesofágico. O sensor distal, sensível a oscilações de pH, classifica o episódio como ácido (pH<4).

O gráfico também mostra a ascensão do material do estômago para o esôfago, mas o sensor distal caracteriza o refluxo como não-ácido (pH>4). Esse episódio não seria identificado pela pH-metria convencional.