A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) atinge homens e mulheres e é quase sempre transmitida pela via sexual. Entre os mais de 100 tipos de vírus existentes, o 6 e o 11 são considerados de baixo risco oncogênico e respondem por cerca de 90% dos casos de verrugas anogenitais. Já os de alto risco oncogênico associam-se com o desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas de colo do útero, vagina, vulva, ânus, pênis e orofaringe.
Dentre os tipos de alto risco, o 16 e o 18 estão por trás da maior parte dos casos de câncer de colo do útero (cerca de 70%), enquanto os genótipos 31, 33, 45, 52 e 58 podem também causar lesões pré-cancerígenas e câncer e correspondem a 10-20% do ônus remanescente.
A vacina é uma das principais estratégias de prevenção da infecção e das lesões que o vírus ocasiona e deve ser aplicada, preferencialmente, antes do início da atividade sexual para alcançar proteção máxima.
Atualmente, dois produtos que se destinam à prevenção de infecção e complicações decorrentes do HPV estão disponíveis no Brasil: a vacina quadrivalente (Gardasil® - HPV4), que protege contra os tipos virais 6, 11, 16 e 18, e a nonavalente (Gardasil® - HPV9), que protege contra os quatro anteriores e mais cinco genótipos de alto risco oncogênico – 31, 33, 45, 52 e 58. A HPV9 começou a ser oferecida para a população brasileira em março de 2023 exclusivamente em clínicas privadas. Já o Sistema Único de Saúde disponibiliza, até o momento, apenas a HPV4. Ambos os imunizantes estão licenciados para indivíduos de 9 a 45 anos de idade, no entanto as recomendações variam conforme idade e produto.
Considerando os estudos que mostraram eficácia de proteção ao redor de 95% com uma dose de vacina contra o HPV, a Organização Mundial da Saúde se posicionou de forma favorável à adoção de um esquema de dose única até os 20 anos de idade em Programas Nacionais de Imunização. O Ministério da Saúde do Brasil passou a utilizar esse esquema, no início de abril de 2024, para meninos e meninas de 9 a 14 anos, com a adição de uma estratégia de resgate de adolescentes até 19 anos não vacinados, visando a ampliar o acesso ao imunizante e intensificar a cobertura vacinal. Com essa nova orientação, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em seu informe de 15 de abril de 2024, atualizou os esquemas de vacinação com HPV4 e HPV9.
Outra atualização feita pelo Ministério da Saúde foi a inclusão das pessoas portadoras de papilomatose respiratória recorrente como grupo vacinal prioritário: para esse grupo recomenda-se 3 doses (esquema 0, 2, 6 meses), administradas a partir de dois anos de idade.
Destaca-se que indivíduos imunocomprometidos de 9 a 45 anos devem receber três doses de HPV4 ou HPV9. Da mesma forma, pessoas de 9 a 45 anos que foram vítimas de abuso sexual, não vacinadas ou incompletamente vacinadas, precisam receber o esquema previsto em bula para a faixa etária, ou seja, duas doses de 9 a 14 anos ou três doses de 15 a 45 anos.
Consultoria médica:
Dr. Daniel Jarovsky
Consultor médico em imunizações
daniel.jarovsky@grupofleury.com.br
Referências
INFORME | SBIm - Sociedade Brasileira de Imunizações 15 de abril de 2024. Esclarecimento sobre os esquemas em vigor das vacinas HPV. Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/informe-sbim- esclarecimentos-vacinashpv- 240415-v2.pdf NOTA TÉCNICA Nº 41/2024-CGICI/DPNI/SVSA/MS. Disponível em: https://www. gov.br/saude/pt-br/centrais-de- conteudo/publicacoes/notas-tecnicas/2024/notatecnica-no-41-2024-cgici-dpni-svsa-ms
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