O papel da imagem no diagnóstico da craniossinostose

A ultrassonografia é o método de escolha na avaliação inicial desses quadros.

Caracterizada pelo fechamento precoce de uma ou mais suturas cranianas, a craniossinostose pode afetar o crescimento normal do cérebro e do crânio da criança.

O diagnóstico da condição exige a combinação do histórico médico do paciente e de sua família, do exame físico, de métodos de imagem e de testes genéticos (ver matéria sobre a avaliação genética das craniossinostoses).

Em relação aos métodos de imagem, a ultrassonografi a (US) pode ser utilizada como um exame de triagem inicial em bebês e crianças pequenas com a suspeita do quadro. Isso porque é um exame seguro e não invasivo, que não usa radiação ionizante, configurando uma opção atraente para esse grupo de pacientes.

A US é considerada o método de imagem de escolha na avaliação inicial das craniossinostoses, uma vez que fornece imagens em tempo real das estruturas cranianas e permite que o radiologista avalie as suturas (figuras 1 e 2) e a presença de deformidades (figura 3), tendo especial utilidade em bebês com menos de 6 meses de idade, faixa etária na qual as suturas cranianas estão abertas e as imagens são de melhor qualidade.

Figura 1: Aspecto ultrassonográ co da sutura sagital normal. Nota-se a sutura aberta (seta), permitindo a visualização de estruturas mais profundas.

Figura 2: Aspecto ultrassonográfico da sutura sagital fechada (seta), impedindo que as estruturas localizadas profundamente sejam claramente identificadas.

Figura 3: Avaliação por ultrassonografia a de crânio assimétrico123

Em 1992, a Academia Americana de Pediatria recomendou, para evitar casos de morte súbita, que as crianças durmam em decúbito dorsal. A orientação reduziu em 40% a incidência de tais eventos e levou a um aumento de 600% nos casos de plagiocefalia postural, uma entidade benigna que também promove alteração no formato do crânio, porém, diferentemente da craniossinostose, cursa com suturas patentes, facilmente identificadas pela US, possibilitando, de modo não invasivo, a diferenciação entre esse quadro e uma condição patológica.

Reconstrução tridimensional

É importante ressaltar que existe a possibilidade de a US apresentar algumas limitações em relação à avaliação da craniossinostose, dependendo da idade do paciente ou da sutura afetada. Diante de suspeita de craniossinostose múltipla ou em suturas menos acessíveis, a tomografi a computadorizada de crânio com reconstrução tridimensional (TC-3D) pode ser necessária. Com a utilização de raios X para criar imagens detalhadas do crânio, a TC fornece um estudo mais preciso da forma do crânio e da extensão da fusão das suturas (figura 4 e 5).

Figura 4: Tomografia a computadorizada com reconstrução 3D. Observa-se fusão completa da sutura sagital (seta). As suturas metópica, coronais e lambdoides estão abertas (imagem cortesia Dra. Andrea Ferme).

Figura 5. Tomografia a computadorizada com reconstrução 3D. Observa-se fusão completa da sutura coronal direita (seta). As suturas metópica, coronal esquerda e lambdoides estão abertas (imagem cortesia Dra. Andrea Ferme).

Se, no passado, a realização da TC na população pediátrica estava invariavelmente associada à necessidade de sedação ou anestesia, atualmente, com os tomógrafos modernos, que adquirem imagens em menos de um segundo com menor dosagem de radiação, o exame se tornou muito mais seguro.


Consultoria médica

Dra. Lisa Suzuki - Consultora médica em Radiologia Pediátrica
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Dra. Márcia Wang Matsuoka - Consultora médica em Radiologia Pediátrica
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Dr. Leandro Tavares Lucato - Consultor médico em Neuroimagem
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