O que há de novo na avaliação das suturas meniscais por ressonância magnética?

Os métodos para avaliar os reparos no menisco vão desde o exame clínico até a artroscopia.

O crescente conhecimento em relação à importância  do menisco na transmissão de carga do joelho e seu  consequente papel na prevenção da osteoartrose  levaram a uma maior ênfase em sua preservação  cirúrgica diante das roturas, com o objetivo de, além de  aliviar os sintomas, restaurar sua função, principalmente  por suturas ou meniscectomias parciais. 

A avaliação do estado da cicatrização e das suturas  meniscais serve como ferramenta adicional na orientação ao retorno das atividades físicas do paciente, na  investigação diagnóstica de novos eventos traumáticos  ou nos casos cujos resultados clínicos são insatisfatórios.

Os métodos para avaliar os reparos no menisco compreendem desde o exame clínico(2) até  a artroscopia, considerada o padrão-ouro(1), porém raramente utilizada exclusivamente para  fins diagnósticos devido à sua natureza invasiva  e a seu alto custo. Sendo assim, a ressonância  magnética (RM) é considerada a melhor alternativa para a abordagem desses pacientes(2, 3). 

Já está muito bem estabelecido que a RM tem  elevadas sensibilidade e especificidade na detecção das roturas meniscais em pacientes  sem cirurgias prévias(3). A rotura meniscal pode  ser definida como um aumento de sinal linear  que se estende para pelo menos uma superfície articular visualizado em pelo menos duas  imagens consecutivas ou uma distorção meniscal na ausência de cirurgia prévia(3).  

A aplicação do método no pós-operatório da  cirurgia dos meniscos é mais complexa. Estimase que a completa cicatrização ocorra de três a  seis meses(4). No entanto, esse processo pode  causar alterações de sinal intrameniscais, por  vezes de aspecto linear e com extensão articular,  que podem persistir por até dez anos de pósoperatório(5), tornando tal achado inespecífico  quando avaliado de maneira isolada e sem  correlação com estudos anteriores.  

Na avaliação dos reparos no menisco, uma  nova rotura é definida apenas diante da  presença de alteração de sinal intrameniscal  com intensidade semelhante a líquido nas  imagens ponderadas em T2(6). A identificação  de fragmentos meniscais ou de alterações em  topografias diferentes das do exame de base  pré-operatório também permite estabelecer  o diagnóstico de nova rotura com alta  confiabilidade(6), apesar de esses elementos  serem menos frequentemente visualizados. 

A RM ainda tem importante papel no  diagnóstico de outras possíveis complicações, incluindo lesões neurovasculares e formação de  cistos parameniscais, bem como na avaliação das  demais estruturas intra-articulares, sobretudo os  revestimentos condrais, que podem eventualmente gerar  sintomatologias semelhantes.


IMAGENS ISOTRÓPICAS 3D

As sequências volumétricas representam um avanço  tecnológico relativamente recente nesse contexto e vêm  sendo utilizadas de maneira rotineira pelo Fleury. Também conhecidas como imagens isotrópicas 3D, tais tipos de aquisição com cortes finos e sem espaçamento  possibilitam detectar estruturas anatômicas cada vez  menores, sem efeito de volume parcial, de modo que  pequenas roturas meniscais podem ser identificadas  com maior grau de confiabilidade. 

Como alternativa, a artrorressonância e a artrotomografia, com administração de contraste intra-articular,  podem trazer alguns benefícios complementares na  avaliação pós-operatória, especialmente em casos  duvidosos. A insinuação do meio de contraste para o  interior da substância meniscal indica uma nova rotura da região de reparo, com acurácia publicada na  literatura variando entre 85% e 93%(1).



Referências 

1. Baker JC, Friedman MV, Rubin DA. Imaging the Postoperative Knee  Meniscus: An Evidence-Based Review. AJR Am J Roentgenol. 2018;  211 (3): 519-27. 

2. Miao Y, Yu JK, Ao YF, Zheng ZZ, Gong X, Leung KK. Diagnostic values of  3 methods for evaluating meniscal healing status after meniscal repair:  comparison among second-look arthroscopy, clinical assessment, and  magnetic resonance imaging. Am J Sports Med. 2011;39(4):735-42. 

3. Chang CY, Wu HT, Huang TF, Ma HL, Hung SC. Imaging evaluation  of meniscal injury of the knee joint: a comparative MR imaging and  arthroscopic study. Clin Imaging. 2004;28(5):372-6. 

4. Karia M, Ghaly Y, Al-Hadithy N, Mordecai S, Gupte C. Current concepts  in the techniques, indications and outcomes of meniscal repairs.  Eur J Orthop Surg Traumatol. 2019;29(3):509-20. 

5. Pujol N, Tardy N, Boisrenoult P, Beaufils P. Magnetic resonance  imaging is not suitable for interpretation of meniscal status ten years  after arthroscopic repair. Int Orthop. 2013;37(12):2371-6. 

6. Kijowski R, Rosas H, Williams A, Liu F. MRI characteristics of torn and  untorn post-operative menisci. Skeletal Radiol. 2017;46(10):1353-60.


CONSULTORIA MÉDICA 

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