Na maior parte das neoplasias, tais testes mostram-se úteis sobretudo para acompanhar as pacientes no pós-tratamento
Na maior parte das neoplasias, tais testes mostram-se úteis sobretudo para acompanhar as pacientes no pós-tratamento

Células de câncer de ovário sob visão da microscopia eletrônica
SPL DC/LATINSTOCK
Presentes no tecido normal, no sangue ou em outros fluidos biológicos e, muitas vezes, também produzidos em resposta à presença de um tumor, os marcadores tumorais bioquímicos têm utilidade para a detecção precoce de recidivas e metástases, para a avaliação da resposta terapêutica e do sucesso do tratamento, para o estadiamento e o prognóstico da doença e para a estimativa do volume tumoral. Como, em sua quase totalidade, não são específicos para um determinado tipo de neoplasia nem suficientemente sensíveis para apontar a presença de poucas células neoplásicas, possuem aplicação muito limitada no diagnóstico primário do câncer feminino.
Diferentes marcadores são usados em doenças ginecológicas ou em outras, não ginecológicas, mas importantes para a saúde da mulher (fio para tabela). Para o câncer de mama, por exemplo, as dosagens de CA-15-3 ou de CA-27.29 não apresentam sensibilidade e especificidade suficientes para o diagnóstico da neoplasia, porém servem para o acompanhamento de pacientes já diagnosticadas e em tratamento e para a identificação precoce de reaparecimento da doença. O CA-27.29 conta com a vantagem de diagnosticar recidivas de maneira mais eficaz que o CA-15-3.
No câncer de ovário, por sua vez, o CA-125 mostra-se útil sobretudo para a avaliação da resposta ao tratamento. Embora o marcador não deva ser utilizado na triagem dessa neoplasia, sua determinação pré-operatória pode predizer a natureza das massas pélvicas. Em mulheres já tratadas, o aumento nos níveis de CA-125 ocorre de 2 a 12 meses antes de qualquer evidência clínica de recorrência.
Já o HE4, ou human epididymis protein 4, é uma glicoproteína expressa em tumores ovarianos de linhagem epitelial – exceto o mucinoso – que vem sendo empregada como marcador tumoral, pois se eleva em 80% dos casos de câncer de ovário. O teste ainda tem utilidade na avaliação pré-operatória de massas anexiais, quando dosado em conjunto com o CA-125, bem como no acompanhamento das pacientes, após o tratamento, para detectar recidivas. O HE4 parece aumentar a especificidade do CA-125 quando usado para discernir massas malignas de condições não neoplásicas, como a endometriose.
Ainda menos específico, o antígeno carcinoembriônico (CEA) tem expressão aumentada em adenocarcinomas, em especial no câncer colorretal, apesar apresentar níveis elevados em neoplasias de pâncreas, estômago, mama, ovário, útero e pulmão, assim como em condições benignas. É útil depois do diagnóstico da neoplasia, especificamente na pesquisa de ressurgimento do câncer.
Por fim, a gonadotrofina coriônica fração beta (beta-hCG), como marcador tumoral, contribui para o diagnóstico e o seguimento de tumores trofoblásticos e de outros cânceres que produzem esse hormônio. Entretanto, valores discretamente aumentados (2-15 UI/L) em mulheres com mais de 45 anos devem ser interpretados com cautela, uma vez que pode haver menor especificidade de alguns ensaios, bem como a produção hipofisária de beta-hCG.
Indicações e valores de referência dos principais marcadores tumorais
| Marcador | Principais indicações | Valor de referência |
|---|---|---|
| Alfafetoproteína (AFP) | Hepatocarcinoma e câncer testicular | Até 7,0 µg/L |
| Antígeno carcinoembriônico (CEA) | Adenocarcinoma de pulmão e câncer colorretal | Não fumantes: até 3,0 µg/L Fumantes: até 5,0 µg/L |
| CA-125 | Câncer de ovário e endometriose | Até 35 U/mL |
| CA-15-3 | Câncer de mama | Até 28 U/mL |
| CA-19-9 | Carcinomas do trato digestivo e câncer de pâncreas | Até 37 U/mL |
| CA-27.29 | Câncer de mama | Até 38 U/mL |
| CA-72-4 | Carcinomas do trato digestivo | Até 6,0 U/mL |
| Calcitonina | Carcinoma medular da tiroide | Homens adultos: até 12 pg/mL Mulheres adultas: até 5 pg/mL |
| Cyfra 21-1 | Câncer de pulmão (não de células pequenas) | Até 3,3 ng/mL |
| Enolase neurônio específica (NSE) | Carcinoma de células pequenas do pulmão e tumores neuroendócrinos | Até 10,8 ng/mL |
| Gonadotrofina coriônica fração beta (beta-hCG) | Diagnóstico de gravidez Mola hidatiforme Tumores trofoblásticos e testiculares | Na gravidez: - 1º trimestre: até 150.000 UI/L - 2º trimestre: de 3.500 a 20.000 UI/L - 3º trimestre: de 5.000 a 50.000 UI/L - Não grávidas: indetectável |
| Gonadotrofina coriônica fração beta livre (beta-hCG livre) | Avaliação de risco de doenças genéticas | Determinada por meio das análises conjuntas da PAPP-A e do exame de translucência nucal e demais dados da ultrassonografia morfológica |
| HE4 | Tumores ovarianos de linhagem epitelial (exceto o mucinoso) | Até 150 pmol/L |
| NMP-22 | Câncer de bexiga | Ausente |
| Tiroglobulina | Câncer diferenciado da tiroide (papilífero e folicular) | De 1,1 a 130 ng/mL |
| Assessoria Médica |
|---|
| Dr. Nairo Massakazu Sumita [email protected] Dr. Gustavo Arantes Rosa Maciel [email protected] |
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