Condição relevante, dada sua morbidade, a litíase renal afeta em torno de 15% dos homens e 5% das mulheres até os 50 anos, sendo que metade desses indivíduos apresentará mais de um episódio na vida.
O cálculo nas vias urinárias geralmente decorre de um desequilíbrio na concentração de substâncias litogênicas, como o cálcio ou o oxalato, em relação àquelas que inibem sua formação, a exemplo do citrato ou do magnésio, o que leva à precipitação dos cristais e à sua agregação. De fato, a nefrolitíase frequentemente se associa com alterações metabólicas que incluem hipercalciúria, hiperoxalúria, hipocitratúria, hiperuricosúria, cistinúria, baixo volume urinário e defeitos de acidificação da urina.
A etiologia da litíase renal e das anormalidades metabólicas relacionadas é considerada multifatorial e abrange tanto aspectos genéticos como ambientais. Apesar da dificuldade de esclarecer os fatores genéticos envolvidos na maioria das pessoas com o quadro, uma vez que existe a possibilidade de alterações poligênicas, um número relevante de pacientes pode apresentar condições monogênicas, que, portanto, devem ser lembradas.
Segundo estudos realizados nos últimos anos, mais de 15% dos indivíduos afetados que procuraram um especialista em doença renal e cerca de 30% dos casos recorrentes de nefrolitíase abaixo de 25 anos tinham alteração monogênica.
Composição do cálculo vs. genética
De forma geral, os cálculos que se formam nos rins compõem-se com maior frequência de oxalato de cálcio (65%), ácido úrico (15%), fosfato de cálcio (10%), fosfato de amônia e magnésio (10%) e cistina (1%), embora tal composição varie de acordo com a localização geográfica estudada.
As condições monogênicas associadas à nefrolitíase podem ser classificadas em doenças associadas a cálculos que contêm cálcio (radiopacos) e aquelas associadas a cálculos sem cálcio (radiolucentes ou pobremente radiopacos). A tabela ao lado expõe as principais condições de cada grupo e os genes mais comumente implicados em cada uma.
A avaliação com um médico geneticista é fundamental em pacientes de alto risco para doença hereditária, a exemplo de crianças ou adultos jovens com litíase recorrente, indivíduos afetados com história familiar relevante ou filhos de pais consanguíneos. O diagnóstico preciso da etiologia genética, diante de um quadro monogênico, impacta o manejo do paciente, possibilitando tratamento e orientações direcionadas, bem como triagem adequada para outras manifestações que podem estar ligadas à nefrolitíase.
O Fleury incluiu, em seu portfólio de exames, o painel genético para nefrolitíase, que, por meio do sequenciamento de nova geração (NSG), analisa 46 genes com associação estabelecida à condição.
Algumas doenças monogênicas associadas à nefrolitíase e os principais genes envolvidos
Ficha técnica
Painel genético para nefrolitíase
Método: sequenciamento completo (NGS) de todas as regiões codificantes e regiões flanqueadoras adjacentes aos éxons de 46 genes. O ensaio permite a identificação de variantes de nucleotídeo único (SNV) e pequenas inserções e deleções (indel), bem como variações no número de cópias (CNV) que compreendam três ou mais éxons dos genes estudados.
Genes analisados: ADCY10, AGXT, ALPL, APRT, ATP6V0A4, ATP6V1B1, ATP7B, BSND, CA2, CASR, CLCN5, CLCNKA, CLCNKB, CLDN16, CLDN19, CLPB, CYP24A1, FAM20A, FOXI1, GNA11, GPHN, GRHPR, HNF4A, HOGA1, HPRT1, KCNJ1, MAGED2, MOCOS, MOCS1, MOCS2, OCRL, PEX6, PRPS1, SLC12A1, SLC22A12, SLC26A1, SLC2A9, SLC34A1, SLC34A3, SLC3A1, SLC4A1, SLC7A9, SLC9A3R1, UMOD, VDR e XDH
Análises adicionais: o painel também avalia quatro variantes genéticas localizadas em região não codificante: c.940-11G>A e c.239-4023A>G do gene OCRL (NM_000276) e c.-173_-159delGGTGGCCGAGACCGC e c.3061-12T>A do gene ATP7B (NM_000053)
Amostra: sangue periférico/saliva*/swab de bochecha*
Prazo de resultado: em até 30 dias
*Os exames em saliva e swab de bochecha estão disponíveis apenas pela plataforma Fleury Genômica, mediante contato prévio para envio de kit de coleta
Referências
• Howles AS et al. Genetics of kidney stone disease. Nat Rev Urol. 2020 Jul; 17(7): 407-421.
• Daga A et al. Whole exome sequencing frequently detects a monogenic cause in early onset nephrolithiasis and nephrocalcinosis. Kidney Int. 2018 Jan; 93(1): 204-213.
CONSULTORIA MÉDICA
Dra. Caroline Olivati
Dr. Gustavo Marquezani Spolador
Dr. Wagner Antonio da R. Baratela
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