A osteogênese imperfeita (OI) é uma doença hereditária do tecido conjuntivo com fenótipo bastante variável, apresentando-se heterogênea do ponto de vista clínico e molecular.
O diagnóstico clínico da condição baseia-se principalmente em seus sinais e sintomas típicos. Entretanto, torna-se um desafio na ausência de história familiar e nas situações em que a fragilidade óssea não está associada às alterações extraesqueléticas evidentes.
Cerca de 85-90% dos casos se devem a uma variante alélica em um dos dois genes que codificam as cadeias alfa do colágeno tipo 1 (COL1A1 e COL1A2), com herança autossômica dominante, enquanto as formas recessivas correspondem a 10-15%. Recentemente, um estudo mostrou uma menor prevalência (≈70%) da variante alélica do COL1A1/COL1A2 numa coorte brasileira, sugerindo uma frequência variável em diferentes populações.
A maioria dos casos de OI resulta de defeitos diretos ou indiretos na molécula do colágeno tipo 1; entretanto, diversos outros genes associados à OI respondem por vias fisiopatológicas independentes do colágeno tipo 1. Suas variantes patogênicas podem induzir defeitos em fatores locais de mineralização óssea ou na diferenciação de osteoblastos, expandindo as bases moleculares da condição.
É importante ressaltar que o diagnóstico genético/ molecular de OI e hipofosfatasia, em conjunto com o quadro clínico do paciente, propicia tratamento e seguimento mais personalizados, com previsão prognóstica e aconselhamento genético adequado.
O Fleury acaba de incorporar à sua rotina um painel genético que permite a avaliação simultânea de vários genes associados a formas dominantes e recessivas da OI, bem como a outros fenótipos de fragilidade óssea que se sobrepõem à doença, além da hipofosfatasia, como um dos diagnósticos diferenciais.
Indicações do painel genético
Os fatores clínicos que sugerem uma doença genética e podem fundamentar a pesquisa incluem:
- Indivíduos com massa óssea muito desproporcional à sua idade, sem antecedentes clínicos, e exclusão de causas secundárias que justifiquem o achado
- Histórico de múltiplas fraturas de ossos longos e/ou de fratura vertebral relacionadas a trauma de baixo impacto, especialmente se ocorrem desde a infância
- Antecedente familiar de fraturas não traumáticas em pessoas jovens e/ou consanguinidade
- Alteração clínica associada a uma síndrome específica, como esclera azulada, dentinogênese imperfeita e hiperextensibilidade de pele e ligamentos, no caso da OI
Ficha técnica
Painel genético para osteogênese imperfeita/doenças ósseas relacionadas e hipofosfatasia
Método: NGS das regiões codificantes e adjacentes aos éxons de 24 genes
Genes analisados: ALPL, BMP1, COL1A1, COL1A2, CREB3L1, CRTAP, FKBP10, IFITM5, LEPRE1 (P3H1), LRP5, MBTPS2, P4HB, PLOD2, PLS3, PPIB, SEC24D, SERPINF1, SERPINH1, SGMS2, SP7, SPARC, TENT5A, TMEM38B, WNT
Amostra: sangue periférico, saliva/swab (kit de coleta), material de vilo corial ou líquido amniótico
Prazo do resultado: 30 dias corridos
Abreviaturas:
ALPL (ou TNSAP): fosfatase alcalina, isoenzima não específica, associado à hipofosfatasia
BMP1: bone morphogenetic protein 1
COL1A1: cadeia α1 do colágeno tipo 1
COL1A2: cadeia α2 do colágeno tipo 1
CREB3L1: cAMP responsive element binding protein-like1
CRTAP: cartilage associated protein
FKBP10: FK 506 binding protein 10
IFITM5: interferon induced transmembrane protein 5
LEPRE1 (P3H1): leucine proline-enriched proteoglycan 1/prolyl 3-hydroxylase 1
LRP5: LDL receptor related protein 5 (recessivo: síndrome de osteoporose-pseudoglioma; dominante: osteoporose juvenil)
MBTPS2: membrane-bound transcription factor peptidase site 2
P4HB: prolyl 4-hydroxilase subunit beta (síndrome de Cole-Carpenter)
PLOD2: procollagen-lysine, 2-oxoglutarate 5-doxygenase 2 (síndrome de Bruck)
PLS3: plastin 3 (osteoporose ligada ao X)
PPIB: peptidylprolylisomerase B
SEC24D: SEC24 homolog D, COPII coat complex component
SERPINF1: serpin family F member 1
SERPINH1: serpin family H member 1
SGMS2: sphingomyelin synthetase 2
SP7: Sp7 transcription factor
SPARC: secreted protein acidic and cysteine rich
TENT5A: terminal nucleotidytransferase 5A
TMEM38B: transmembrane protein 38B
WNT1: wnt family member 1
Referências bibliográficas
1. Trejo P, Rauch F. Osteogenesis imperfecta in children and adolescents-new developments in diagnosis and treatment. Osteoporosis International. 2016;27(12):3427-3437.
2. El-Gazzar A, Högler W. Mechanisms of bone fragility: From osteogenesis imperfecta to secondary osteoporosis. International Journal of Molecular Sciences. 2021;22(2).
3. Zaripova AR, Khusainova RI. Modern classifi cation and molecular-genetic aspects of osteogenesis imperfecta. Vavilovskii Zhurnal Genetiki i Selektsii. 2020;24(2):219-227.
4. Marini JC, Forlino A, Bachinger HP, et al. Osteogenesis imperfecta. Nature Previews Disease Primers. 2017;3:17052.
5. Palomo T, Vilaça T, Lazaretti-Castro M. Osteogenesis imperfecta: diagnosis and treatment. Curr Opin Endocrinol Diabetes Obes. 2017 Dec;24(6):381-388.
6. Fernandes AM, Rocha-Braz MGM, Franca MM, et al. The molecular landscape of osteogenesis imperfecta in a brazilian tertiary service cohort. Osteoporosis International. 2020. 31(7).1341-1352.
7. Informação do banco de dados - Human Gene Mutation Database (http://www.hgmd.cf.ac.uk/) e do Variant Databse (https://oi.gene.le.ac.uk).
Dados da OMS de 2022 revelam que há cerca de 254 milhões de portadores de hepatite B no mundo.
Avaliação complementar da análise histológica convencional de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas.
A uveíte é uma inflamação ocular que representa uma das principais causas de morbidade ocular.
Comportamentos epidemiológicos das IST as têm colocado na posição de problema de saúde pública