Nas últimas décadas, a população de pessoas com comprometimento da imunidade, transitório ou persistente, vem aumentando progressivamente. Por conta do aperfeiçoamento das técnicas de transplantes e da disponibilização e melhor desempenho de novas drogas imunossupressoras e quimioterápicas, com indicações cada vez mais amplas, o número de pacientes que recebem esse tipo de terapia, assim como sua sobrevida, cresce continuamente. Por consequência, hoje é maior o número de indivíduos com suscetibilidade aumentada para infecções de várias etiologias.
Os diversos mecanismos de imunossupressão predispõem claramente a infecções virais, tanto comuns quanto oportunistas, sejam de origem comunitária, sejam derivadas de reativações de infecções latentes adquiridas antes do evento que compromete a imunidade. Entre as etiologias, destacam-se os vírus respiratórios e os herpes-vírus, mais notadamente o citomegalovírus (CMV) e o Epstein-Barr (EBV). Além desses, merecem atenção os adenovírus, o eritrovírus B19 e, em contextos mais específicos, os poliomavírus.
As reativações de agentes da família Herpes assumem especial importância não somente por sua frequência e efeitos patogênicos diretos, mas também por seu papel imunomodulador e pró-inflamatório, capaz de produzir consequências adversas indiretas, tais como a rejeição do enxerto, a doença do enxerto contra o hospedeiro, as enfermidades linfoproliferativas e outros prejuízos deletérios da ativação inflamatória crônica.
O risco de reativação das infecções virais, bem como a gravidade de suas manifestações clínicas, depende do tipo, da intensidade e da duração da imunossupressão, além de ser impactado pelo uso, ou não, de profilaxias. Os quadros clínicos podem variar desde uma síndrome inespecífica caracterizada por febre e sintomas gerais até doença invasiva com disfunção do enxerto ou de outro órgão, de acordo com o tropismo do vírus envolvido, podendo chegar a uma doença multissistêmica grave e potencialmente fatal. Em geral, exceto em manifestações muito localizadas, a viremia costuma estar presente.
O diagnóstico de tais infecções baseia-se amplamente nas técnicas moleculares, que detectam o material genético dos agentes patogênicos, com sensibilidade e especificidade maiores em relação às técnicas dependentes de células infectadas íntegras, como a imunofluorescênca e a antigenemia ou, ainda, o isolamento viral em cultura de células. Nesse contexto, a reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real configura o método de escolha. Os exames podem ser direcionados para um único agente viral ou para diferentes vírus simultaneamente, em ensaios denominados multiplex.
Considerando a importância do diagnóstico assertivo das infecções virais nesse grupo de pacientes e a possibilidade de superposição das manifestações clínicas decorrentes dos diversos agentes possíveis, o Fleury incorporou ao seu portfólio um painel molecular multiplex para os principais agentes causadores de infecção em imunossuprimidos. Além dos sete mais importantes vírus da família Herpes, o painel contempla o adenovírus, o eritrovírus B19, os enterovírus e o parecovírus.
O exame tem utilidade para a investigação de febre e outras manifestações clínicas em pacientes imunossuprimidos com suspeita de infecção viral e também se aplica ao diagnóstico etiológico de meningoencefalites virais, tanto em imunocompetentes quanto em indivíduos com comprometimento da imunidade, podendo ser realizado em amostra de sangue ou liquor.
Nos experimentos de validação, o painel apresentou sensibilidade analítica de 98%, para sangue, e de 100%, para liquor, e especificidade de 100% para ambos os materiais. O resultado é qualitativo, permitindo uma triagem de alta sensibilidade para vários agentes simultaneamente, o que agiliza a investigação diagnóstica. Os vírus eventualmente detectados podem, em seguida, ser quantificados por meio de teste específico, mediante solicitação médica.
O perfil de agentes pesquisados ainda tem utilidade para pesquisar a etiologia de infecções oculares, tais como conjuntivites, ceratites e uveítes. Nesses casos, o Fleury aceita amostras de raspados oculares, humor aquoso e humor vítreo, que, embora não especificamente validadas, podem ser processadas sob condições específicas. A vantagem é a possibilidade de pesquisar múltiplos agentes em um único teste, o que é fundamental levando-se em conta que os volumes obtidos dessas amostras costumam ser geralmente bem pequenos e impossibilitam a pesquisa individualizada por meio de ensaios uniplex. Vale lembrar que o volume mínimo necessário para a reação é de 0,3 mL.
CONSULTORIA MÉDICA
Dra. Carolina S. Lázari
Dr. Celso Granato
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