Pesquisa de anticorpos antidrogas: mais um aliado na monitoração de drogas terapêuticas

Os chamados anticorpos antidrogas, presentes em até 53% dos indivíduos que utilizam infliximabe

Os medicamentos biológicos, obtidos por procedimentos biotecnológicos, consistem em moléculas complexas de alto peso molecular, detentores de elevada capacidade imunogênica. 

Os anticorpos monoclonais pertencem a esse grupo de fármacos que  atualmente servem para tratar diversas doenças. Uma classe deles é formada pelos inibidores do fator de necrose tumoral (TNF-alfa), um dos  mediadores do processo inflamatório em doenças autoimunes e inflamatórias crônicas como artrite reumatoide, doença de Crohn, colite ou retocolite ulcerativa, espondilite anquilosante, artrite psoriásica e psoríase em  placas. O infliximabe é um exemplo de anti-TNF e configura um anticorpo  monoclonal quimérico humano-murino. 

Apesar da mudança positiva que essas drogas conferiram ao cenário  de muitas doenças autoimunes, existem casos de perda de resposta aos  anti-TNF, condição denominada falha secundária da eficácia terapêutica.  Uma das causas desse fenômeno está justamente nos anticorpos contra o  imunobiológico anti-TNF – os chamados anticorpos antidrogas, presentes  em até 53% dos indivíduos que utilizam infliximabe.  

A geração de anticorpos contra os imunobiológicos ocorre porque o  sistema de defesa naturalmente produz anticorpos contra proteínas externas. Os anticorpos antidrogas podem ser neutralizantes, quando atuam  no sítio de ligação do anticorpo monoclonal (“droga”), e também não neutralizantes, quando sua presença não compromete o mecanismo de ação  do imunobiológico. Contudo, mesmo os não neutralizantes conseguem  alterar a eficácia do medicamento devido à formação de imunocomplexos, que podem ser depurados pelo sistema macrofágico, diminuindo  sua meia-vida.  

Dessa maneira, a quantificação da concentração sérica do infliximabe  e dos anticorpos anti-infliximabe, na vigência de perda secundária de resposta à terapia, auxilia o clínico na decisão terapêutica para as doenças  inflamatórias para as quais o fármaco está indicado. Com os resultados,  o médico pode tomar a decisão de elevar a dose, quando o nível sérico é  baixo, mas não há presença de anticorpos, ou proceder à troca da medicação, quando, além de níveis baixos, são detectados anticorpos antidrogas.  

O impacto das informações fornecidas por tais exames é relevante no  manejo desses pacientes. Maiores níveis de droga no nadir (imediatamente próximo à infusão subsequente) indicam um melhor efeito terapêutico, mas aumentam a chance de reações adversas. Por outro lado,  níveis menores da droga no nadir, associados à presença de anticorpos  anti-infliximabe, apontam falha terapêutica secundária aos anticorpos,  abrindo perspectivas para substituir a medicação.  O ensaio utilizado pelo Fleury para a realização do exame foi validado  para mensurar anticorpos contra o infliximabe original de marca e também para os biossimilares do fármaco.  Convém lembrar que a determinação da concentração sérica de infliximabe deve ser feita no nadir. Por outro lado, é possível proceder à pesquisa dos anticorpos anti-infliximabe a qualquer momento do ciclo infusional.

Indicações para a quantificação  do infliximabe e de possíveis  anticorpos bloqueadores

⊲ Perda secundária de resposta ao longo  da terapia 

⊲ Reações infusionais (hipersensibilidade  ou de autoimunidade) 

⊲ Falha terapêutica primária ou  reintrodução do medicamento após  descontinuação.

Entenda o monitoramento  de drogas terapêuticas  

Conhecido pela sigla TDM, do inglês, therapeutic drug monitoring, o  monitoramento de drogas terapêuticas avalia a adesão ao tratamento  e diagnostica o subtratamento e a  falha terapêutica. Envolve ainda a  interpretação clínica do resultado, o  que requer conhecimento de farmacocinética, tempo de amostragem,  histórico medicamentoso e quadro  clínico do paciente. As concentrações obtidas pelos  exames precisam ser interpretadas  no contexto individual. Assim, antes  de proceder a quaisquer ajustes, é  importante considerar se a amostra  foi coletada no dia correto em relação à última dose (representando o  nadir do nível sérico) e se o paciente  aderiu exatamente à prescrição.


CONSULTORIA MÉDICA 

Dr. Luís Eduardo Coelho Andrade 

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Dra. Márcia Wehba Esteves Cavichio 

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Dr. Sandro Felix Perazzio 

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