PET-CT com 18F-fluoroestradiol: avaliação por imagem do câncer de mama agora conta com mais um método nuclear

Capacidade do exame se correlaciona com a expressão do ER em testes in vitro

O fluoroestradiol marcado com flúor-18 (FES) é o mais novo radiofármaco para a avaliação do câncer de mama por tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT). O recurso se vale da ligação do FES com os receptores de estrogênio (ER), com alta afinidade e especificidade, de modo equivalente ao estradiol endógeno, e obtém imagens diretas
de captação das células tumorais positivas para tais receptores.

Essa capacidade do exame se correlaciona com a expressão do ER em testes in vitro, como a imuno-histoquímica, permitindo, dessa forma, avaliar casos em que a biópsia
não é possível e detectar heterogeneidade na expressão do ER, notadamente entre a lesão primária e as metastáticas.

Entre os pacientes com câncer de mama, 70% têm tumores ER-positivos e esse status configura importante indicador prognóstico, além de predizer resposta à terapia
anti-hormonal. Enquanto cerca de 3% a 10% das neoplasias mamárias ER-negativas respondem ao tratamento anti-hormonal, a taxa de resposta com tumores ER-positivos
chega a 50% a 60%, o que confere maior sobrevida e menor risco de recidivas.

A detecção com alta sensibilidade de tecidos neoplásicos é fundamental no estadiamento e reestadiamento da neoplasia e a avaliação da expressão de ER impacta o manejo
do paciente, auxiliando a definição das estratégias terapêuticas. No caso de doença metastática, o exame de PET-CT com FES pode detectar, de forma não invasiva, lesões em
todo o corpo que possam responder à terapia hormonal.

Assim, em pacientes com câncer de mama inicialmente ER-positivo, o exame de PET-CT com FES tem sido recomendado para caracterizar lesões metastáticas suspeitas
ou conhecidas e para guiar e monitorar o tratamento oncológico.

Vale ponderar que a captação do FES depende tanto da densidade de ER quanto da disponibilidade do sítio de ligação do receptor, de modo que um resultado negativo
não significa necessariamente ausência de lesões tumorais ER-positivas.

Atualmente, convém reforçar que o exame de PET-CT com FES desempenha papel complementar ao que usa fluordesoxiglicose marcada com flúor-18 (FDG), visto que
este pode ser negativo em determinados tipos histológicos, como o carcinoma lobular invasivo


FDG é o radiofármaco mais usado no estudo do câncer de mama por PET-CT

O exame de PET-CT com FDG tem utilidade bem estabelecida no estadiamento de diversas neoplasias, incluindo o câncer de mama, sobretudo em pacientes com alto risco de doença avançada, como nas neoplasias localmente avançadas e nos tumores triplo-negativos.

Destaca-se a avaliação tanto de metástase locorregional, a exemplo do acometimento nodal extra-axilar, como as áreas infra e supraclaviculares ou a cadeia torácica interna,
o que afeta o prognóstico do paciente e pode impactar o manejo cirúrgico e a radioterapia, quanto de metástases a distância, capazes de envolver principalmente fígado, ossos e pulmão.

Em suspeitas de recidiva, com elevação de marcadores séricos, achados ao exame físico ou sintomas sugestivos, bem como em casos de dúvidas nos exames convencionais,
também se recomenda essa modalidade de PET-CT.

Por fim, no câncer de mama metastático, como existem múltiplas linhas de terapia disponíveis, o exame também é muito utilizado para avaliação de resposta terapêutica,
de modo a guiar eventuais mudanças nos pacientes que apresentam progressão.


Referências
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CONSULTORIA MÉDICA


Dr. Marco Antonio C. de Oliveira
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Dra. Paola E. P. Smanio
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