Como o aparelho possui uma tomografia acoplada, é possível fazer a fusão das imagens tomográficas co
Não é exagero falar que o exame de PET/CT é uma revolução na medicina. Nesse método, substâncias marcadas com átomos radioativos são administradas sistemicamente e sua distribuição no corpo inteiro é detectada por meio de inúmeros cristais dispostos de forma circular ao redor do corpo do paciente. Como o aparelho possui uma tomografia acoplada, é possível fazer a fusão das imagens tomográficas com as imagens da biodistribuição da substância radioativa injetada. Esse acoplamento anatômico-metabólico permite localizar precisamente a área com aumento ou redução da captação da substância estudada.
Alguns átomos radioativos que podem ser utilizadas na marcação de substâncias incluem nitrogênio-13, carbono-11, oxigênio-15 e flúor-18. Como são átomos que fazem parte de substâncias orgânicas, há inúmeras possibilidades de marcação. Com o oxigênio-15, podemos ter, por exemplo, água marcada (H215O) para estudar perfusão sanguínea!
Um exemplo evidente de potencial utilidade clínica é o uso de Herceptin® marcado. O Herceptin® é um anticorpo monoclonal que bloqueia o HER2, um receptor de membrana que estimula o crescimento das células tumorais. Esse medicamento é utilizado em pacientes com câncer de mama metastático que apresenta expressão de HER2 na membrana celular. Geralmente, a identificação do HER2 é realizada em amostras de biópsia submetidas à análise imuno-histoquímica. Imagens de PET/CT após administração de Herceptin® marcado poderiam mostrar se as metástases concentram ou não o medicamento. Seria uma forma não invasiva, com imagem de corpo inteiro, sem problemas de erros de amostragem, que podem ocorrer em biópsias, de mostrar se o tratamento com a substância vai ser efetivo ou não!
Outro fato relevante, ainda em relação ao câncer de mama, é a determinação da presença de receptores de estrógeno nas células tumorais. A presença desses receptores afeta a terapia e o prognóstico, sendo determinada também por imuno-histoquímica no tumor primário. Se injetarmos estrógeno marcado e fizermos imagens de PET/CT, poderemos detectar a presença desses receptores inclusive nas metástases a distância.
Substâncias tão diversas quanto dopamina marcada com flúor-18, para a investigação de doença de Parkinson, quanto palmitato marcado com carbono-11, para a investigação de metabolismo cardíaco de ácidos graxos, ou, ainda, timidina marcada com flúor-18, para a avaliação da replicação in vivo de DNA, poderão introduzir o exame de PET/CT praticamente em quase todas as áreas da medicina.
Na verdade, o estudo por PET/CT é uma grande revolução, mas que ainda se encontra em fase muito inicial. Para ter uma ideia, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, o único radiofármaco que podemos considerar realmente em uso clínico é a glicose marcada (FDG). Ou seja, diante de milhares de possibilidades teóricas de análise de receptores, metabolismos diversos, processos fisiológicos e fisiopatológicos, biodistribuição de fármacos, etc., estudamos efetivamente apenas metabolismo glicolítico. Parece pouco, mas foi suficiente para, nos últimos anos, causar um impacto imenso, principalmente na Oncologia, visto que neoplasias primárias ou secundárias apresentam alto consumo de glicose.
Diariamente, só para citar alguns exemplos, demonstramos hipercaptação de FDG em linfonodos que não seriam valorizados apenas na tomografia, diferenciamos recidiva tumoral de necrose em massas mediastinais, mostramos redução da captação de FDG em lesões pós-quimioterapia, detectamos o foco de recidiva neoplásica em pacientes com marcadores tumorais elevados e contribuímos no diagnóstico diferencial de nódulo pulmonar solitário. Os potenciais benefícios são óbvios: pacientes têm melhor estadiamento, alguns podem evitar procedimentos invasivos e outros são diagnosticados precocemente, além de ocorrerem mudanças de conduta. Imagine um paciente sendo submetido a um esquema de quimioterapia caro e agressivo. Em algumas situações, podemos demonstrar, durante o tratamento, se está ocorrendo redução da captação da glicose, o que significaria boa resposta ao esquema terapêutico. Caso essa redução não ocorra, o indivíduo pode mudar mais rápido para novas opções de tratamento, reduzindo custos e morbidade. Tudo isso fazendo imagens apenas de captação de glicose!
Claro que o método tem suas limitações, falsos resultados positivos e negativos, devendo ser indicado e analisado de forma criteriosa. Além disso, marcar substâncias com átomos radioativos não é uma tarefa tão simples quanto parece. Alguns átomos têm meias-vidas curtas, o que dificulta a aplicação clínica. Ainda há problemas a enfrentar em relação à cobertura do exame por convênios e pelo SUS. Mas, apesar dos desafios, o futuro é muito promissor e a história do exame está apenas começando!
Médicos Assessores da Medicina Nuclear:
Gustavo Meirelles
Marco Antonio Condé de Oliveira
Paola Smanio
Referências:
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Para melhorar desfechos clínicos nessa seara, Fleury estrutura serviço para o cuidado dessas lesões
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Publicação destaca o diagnóstico por imagem das doenças neurometabólicas.