Presença do anti-PDCE2 em indivíduos sem alterações hepáticas pode sinalizar início de cirrose biliar primária | Revista Médica Ed. 6 - 2014

Um estudo transversal realizado recentemente pelo Grupo de Imunologia e Reumatologia do Fleury evidenciou diferenças relevantes no perfil de resposta imunológica humoral em pacientes com bioquímica hepática normal

 

Tecido hepático com cirrose biliar primária

SPL DC/LATINSTOCK


Um estudo transversal realizado recentemente pelo Grupo de Imunologia e Reumatologia do Fleury evidenciou diferenças relevantes no perfil de resposta imunológica humoral em pacientes com bioquímica hepática normal e autoanticorpos antimitocôndria (AMA) positivos – os tradicionais biomarcadores da cirrose biliar primária (CBP), cujo surgimento pode anteceder a instalação da doença por meses ou anos –, em comparação àqueles com os anticorpos presentes e a CBP estabelecida. 


Com o objetivo de melhor caracterizar esse achado tão importante, os pesquisadores avaliaram novamente os mesmos pacientes do projeto anterior, desta vez buscando analisar o comportamento temporal dos anticorpos contra a fração mitocondrial antipiruvato desidrogenase (anti-PDCE2) em sucessivas amostras ao longo de vários anos. Assim, foram estudados, de maneira longitudinal e sequencial, 68 indivíduos positivos para AMA, mas sem alterações hepáticas (grupo BN), e 38 pacientes com os anticorpos também presentes e com a cirrose estabelecida (grupo CBP), totalizando 472 amostras. 


Como resultado dessa avaliação, os níveis de anti-PDCE2 do grupo BN aumentaram gradativamente com o tempo (p<0,001; R2 linear=0,193), enquanto os do grupo CBP tenderam a permanecer estáveis (p=0,827; R2=0,058), mostrando que os indivíduos AMA-positivos com níveis normais de enzimas hepáticas sofrem uma intensificação gradual da resposta autoimune humoral ao longo do tempo, o que permite supor um processo de progressão do distúrbio imunológico subjacente. “O próximo passo será a investigação do estado do fígado nesses pacientes, pois, se conseguirmos detectar que, entre eles, já existam indivíduos com alterações histológicas, teremos indícios da presença de CBP subclínica, o que seria uma janela de oportunidade fantástica para o tratamento precoce e a prevenção da instalação definitiva da doença”, assinala o assessor médico do Fleury em Imunologia e Reumatologia, Luis Eduardo Coelho Andrade.