Qual o melhor teste para pesquisar influenza?

Diante do novo surto de gripe, convém conhecer as opções disponíveis.

Nos últimos dois anos, as medidas de proteção contra o Sars-CoV-2, sobretudo o distanciamento social, tiveram impacto sobre a disseminação de outros vírus respiratórios, cujas incidências diminuíram consideravelmente. Contudo, a recente flexibilização de parte dessas recomendações restritivas, associada à baixa cobertura vacinal contra o influenza e à queda da imunidade natural, contribuiu para que o agente responsável pela gripe voltasse com força. Assim, ainda sob a pandemia de Covid-19, com a circulação comunitária de uma nova variante do novo coronavírus, estamos enfrentando concomitantemente um importante surto de gripe, causado, de forma predominante, pelo subtipo A H3N2.

As infecções respiratórias agudas configuram-se como uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, embora sejam usualmente mais graves em crianças, idosos e indivíduos imunocomprometidos. A identificação do agente associado a essas doenças permanece se mostrando relevante no cenário atual. A estratégia possibilita uma avaliação mais criteriosa da necessidade de terapia antiviral específica, assim como uma melhor estimativa da evolução clínica e do prognóstico, além de evitar o uso desnecessário de antibióticos e de ajudar a definir medidas para prevenir a propagação de tais infecções.

Existem hoje diversos testes laboratoriais para a pesquisa do agente etiológico implicado nesses quadros. As técnicas por imunocromatografia, por exemplo, entregam um resultado de forma quase imediata, em alguns minutos, embora exibam menor sensibilidade quando comparadas às moleculares. A imunofluorescência direta, por sua vez, apresenta ótimo custo-benefício, uma vez que abrange os principais vírus respiratórios que causam as infecções, analisando-os de forma simultânea, e têm baixo custo. Já os exames feitos por reação em cadeia da polimerase (PCR) ganham especialmente em sensibilidade.

Todos os testes disponíveis no Fleury que incluem a pesquisa do influenza são capazes de detectar o subtipo H3N2 que circula por agora, mas somente o painel molecular consegue discriminá-lo. Vale ponderar que a caracterização específica do subtipo de influenza A não tem mais relevância clínica ou epidemiológica, visto que a cepa circulante não constitui um novo subtipo e não há diferença na conduta clínica, seja qual for o subtipo envolvido.


TESTES DISPONÍVEIS NO FLEURY PARA A PESQUISA DE INFLUENZA
Nome do exame
Pesquisa de vírus respiratórios
Teste rápido para influenza A e B
Teste molecular para detecção de influenza A
Painel molecular para pesquisa de vírus e bactérias do trato respiratório por PCR (inclui Sars-CoV-2)
Método
Imunofluorescência direta
Imunocromatográfico
PCR em tempo real
PCR e hibridação (film-array)
Material preferencial
Raspado (swab) + lavado de nasofaringe
Raspado nasal
Raspado nasal
Raspado nasal
Outros materiais
Aspirado de nasofaringe e raspado de orofaringe
Lavado ou aspirado de nasofaringe e raspado de orofaringe
Lavado ou aspirado de nasofaringe, raspado de orofaringe e lavado broncoalveolar
Lavado ou aspirado de nasofaringe, raspado de orofaringe e lavado broncoalveolar
Coleta
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença. A maior sensibilidade aumenta a probabilidade de detecção também nos dias subsequentes
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença. A maior sensibilidade aumenta a probabilidade de detecção também nos dias subsequentes
Agentes pesquisados
Adenovírus (ADV), influenza A (INFA), influenza B (INFB), parainfluenza (PIV) 1 a 3 e vírus sincicial respiratório (VSR)
INFA e INFB
INFA (incluindo H3N2 e H1N1)
ADV, coronavírus 229E, HKU1, NL63, OC43 e Sars-CoV-2, metapneumovírus humano (hMPV), INFA (subtipos H1, H3 e H1-2009), INFB, PIV 1, 2, 3 e 4, rinovírus/enterovírus, VSR, Bordetella pertussis, Chlamydophila pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae
Sensibilidade
  • ADV: 38,1%
  • INFA: 76,7%
  • INFB: 78,4%
  • PIV: 76,9%
  • VSR: 93,5%
85%
> 98%
95%
Especificidade
99%
100%
100%
99%
Vantagens
- Abrange os principais vírus respiratórios
- É altamente sensível para VSR
- Detecta todos os subtipos circulantes de influenza A (incluindo H3N2 e H1N1), embora não os discrimine
- Tem baixo custo
- Oferece agilidade no diagnóstico
- Tem baixo custo
- Define boa parte dos casos durante temporada de alta circulação de influenza
- Detecta todos os subtipos circulantes de influenza A (incluindo H3N2 e H1N1), embora não os discrimine
- Tem alta sensibilidade
- Apresenta maior tempo de positividade
- Tem menor custo em relação a outras técnicas moleculares
- Define a maioria dos casos durante a temporada de alta circulação de INFA
- Detecta todos os subtipos circulantes de influenza A (incluindo H3N2 e H1N1), embora não os discrimine
- Tem alta sensibilidade, sendo o único adequadamente sensível para ADV
- Apresenta maior tempo de positividade
- Permite agilidade do resultado
- Possibilita ampla diversidade de diagnósticos etiológicos simultâneos, incluindo coinfecções
- Configura-se como a única alternativa para PIV4, hMPV, coronavírus, enterovírus e rinovírus
- Inclui agentes bacterianos no diagnóstico diferencial
- Inclui a pesquisa do Sars-CoV-2, com desempenho equiparável ao teste de RT-PCR
- Detecta e discrimina todos os subtipos circulantes de influenza A (incluindo H3N2 e H1N1)
Desvantagens
- Tem sensibilidade inferior às técnicas moleculares
- Mostra-se menos ágil, pois não é realizado no point of care
- É inadequado para o diagnóstico de ADV
- Tem sensibilidade menor em comparação às técnicas moleculares
- É direcionado apenas para influenza
- Mostra-se menos ágil, pois não é realizado no point of care
- É direcionado apenas para INFA
- Tem alto custo
- Não discrimina rinovírus de enterovírus
- Possui sensibilidade limitada para B. pertussis (65%)
Recomendação
- É adequado para crianças, dada a alta sensibilidade para VSR e a abrangência de outros vírus comuns, com sensibilidade razoável
- Na suspeita de influenza, considerar testes moleculares em virtude da maior sensibilidade (especialmente para definir indicação de isolamento)
- Não usar na suspeita de ADV
- É adequado para casos leves e moderados durante temporadas de alta circulação de influenza
- Em casos de doença grave ou para definição de indicação de isolamento, considerar menor sensibilidade e prosseguir investigação com técnica molecular nos casos negativos
- É preferencial na suspeita de influenza, dada a maior sensibilidade
- Considerar possibilidade de INFB conforme a epidemiologia da temporada; em tais casos, preferir teste rápido para influenza
- É adequado para casos graves, com possibilidade de vários diagnósticos diferenciais
- É preferencial para doença respiratória aguda grave e para pacientes imunossuprimidos
- Se a suspeita clínica for coqueluche, preferir teste molecular direcionado
Prazo de resultados
Em até 1 dia útil
Em até 2 horas
Em até 3 dias úteis
Em até 1 dia útil


Consultoria médica

Dra. Carolina dos Santos Lázari
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Dr. Celso Granato
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