Procedimentos invasivos em Medicina Fetal são exames especializados que têm o objetivo de obter material placentário e/ou fetal para análise laboratorial, que permite o diagnóstico de alterações cromossômicas, infecções congênitas e anemia fetal, entre outros.
Por muitas décadas, a punção do líquido amniótico (amniocentese) foi o principal método para pesquisar alterações cromossômicas fetais, com destaque para a síndrome de Down, em situações de risco aumentado, tais como idade materna avançada, espessamento da translucência nucal ou outros achados suspeitos à ultrassonografia. Contudo, o advento e a popularização do teste pré-natal não invasivo (NIPT, na sigla em inglês) resultaram em rastreamento mais efetivo das aneuploidias fetais, reduzindo expressivamente a necessidade de recorrer à amniocentese.
Apesar disso, ainda existem situações em que os exames invasivos são de muita utilidade na Medicina Fetal, notadamente os mais modernos, que possibilitam avaliação genética detalhada, tais como microarray e exoma fetal. Nesta oportunidade, revisamos os principais procedimentos diagnósticos invasivos e suas indicações.
TIPOS DE PROCEDIMENTOS FETAIS INVASIVOS
A técnica utilizada para a obtenção de materiais placentários/ fetais depende de fatores como idade gestacional e tipo de análise laboratorial desejada. Todos os procedimentos fetais invasivos são realizados na própria sala de ultrassonografia, de forma relativamente simples e rápida, com anestesia local e técnica asséptica. A seguir, enumeramos os principais.
BIÓPSIA DE VILO CORIÔNICO
Consiste na coleta de células do vilo coriônico, por meio da introdução, guiada por ultrassonografia, de uma agulha no leito placentário. O material permite realizar análises genéticas (cariótipo fetal, microarray, FISH, PCR e exoma fetal).
• Idade gestacional em que deve ser realizado: entre 11 e 14 semanas.
• Limitações: trata-se de análise genética da placenta e não do feto em si, de modo que pode haver alterações cromossômicas restritas à placenta (mosaicismo placentário) em 1% dos casos (dependendo do tipo de mosaicismo, das alterações ultrassonográficas, da suspeita clínica e de aconselhamento por geneticista, pode ser indicada uma nova análise por amniocentese). Há possibilidade de falhas de cultura em 0,5% dos casos.
• Riscos: por se tratar de um exame invasivo, existem riscos associados ao exame, como sangramento genital (até 10% dos casos) e perda fetal (de 0,2 a 2%)
AMNIOCENTESE
Consiste na introdução, guiada por ultrassonografia, de uma agulha na cavidade amniótica para a aspiração de líquido amniótico, o qual possibilita a realização de análises genéticas (cariótipo fetal, microarray, FISH, PCR e exoma fetal), bem como de pesquisa de infecções congênitas.
• Idade gestacional em que deve ser realizado: a partir de 16 semanas.
• Limitações: a análise de cariótipo fetal depende do cultivo das células fetais em laboratório, com possibilidade de ter resultados inconclusivos (falha de cultura) em 0,1% dos casos feitos precocemente – no terceiro trimestre, por exemplo, os exames podem ter taxas de falha de cultura próximas a 10%.
• Riscos: existem riscos associados ao exame, já que se trata de um procedimento invasivo, como rotura de membranas (de 1% a 2%) e perda fetal (de 0,5% a 1%).
CORDOCENTESE
Consiste na punção do cordão umbilical, preferencialmente a veia umbilical, guiada por ultrassonografia, com a finalidade de obtenção de amostra de sangue fetal para pesquisar anemia e fazer análises genéticas, ou administração de sangue ou medicamentos fetais.
• Idade gestacional em que deve ser realizado: a partir de 18 semanas.
• Riscos: o principal risco associado ao exame é a perda fetal (de 1% a 2%)
INDICAÇÕES: QUE GESTAÇÕES PODEM PRECISAR DESSES PROCEDIMENTOS?
Referência: ISUOG Practice Guidelines: invasive procedures for prenatal diagnosis. Ultrasound Obstet Gynecol 2016; 48: 256-68
CONSULTORIA MÉDICA
Dr. Gilmar de Souza Osmundo Junior
Dr. Mário H. Burlacchini de Carvalho
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