Retinoblastoma | Revista Médica Ed. 1 - 2017

Tumor maligno ocular mais comum na criança, o retinoblastoma (RTB), de origem nas células em desenvolvimento da retina, tem incidência estimada em 21 a 27 casos por milhão, representando de 2% a 4% dos cânceres infantis.

Tumor maligno ocular mais comum na criança, o retinoblastoma (RTB), de origem nas células em desenvolvimento da retina, tem incidência estimada em 21 a 27 casos por milhão, representando de 2% a 4% dos cânceres infantis. Na grande maioria dos casos, é diagnosticado antes dos 3 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade.

 

A leucocoria, decorrente da perda do reflexo vermelho pupilar consequente à massa tumoral intraocular, é o sinal mais comum da doença, tanto que, em alguns Estados do Brasil, foi instituído o teste do reflexo vermelho nas maternidades. Outros achados incluem o estrabismo, a hiperemia conjuntival e a redução da visão, os quais impõem avaliação imediata da criança pelo oftalmologista.


Do diagnóstico precoce depende o prognóstico do RTB, já que lesões em estágios iniciais são mais facilmente tratadas, com maiores taxas de cura e chances de preservar o globo ocular comprometido. Para tanto, basta o exame oftalmológico acompanhado da fundoscopia indireta com dilatação pupilar – o mapeamento da retina. A ultrassonografia (US), que demonstra as calcificações intratumorais típicas do RTB, e a ressonância magnética (RM), que aponta sinais de extensão para o nervo óptico ou para o sistema nervoso central, também podem ser úteis para identificar o tumor e diferenciá-lo de outras causas.


O RTB foi a primeira neoplasia a ter sua etiologia genética descrita, que consiste, na grande maioria dos casos, em mutações em ambos os alelos do gene RB1. Localizado no cromossomo 13, o RB1 pode ser afetado por um espectro heterogêneo de anormalidades, como deleção e translocação cromossômicas, rearranjos e mais de 900 mutações pontuais.


Cerca de 60% das crianças com retinoblastoma apresentam a doença unifocal e unilateral causada por mutações do RB1 nas células retinianas. Nos outros 40%, há um defeito germinativo herdado de um dos pais ou por nova mutação no momento da fertilização (fio para boxe). Diante da suspeita da forma hereditária, o teste genético se impõe e, no Fleury, pode ser realizado por sequenciamento completo – Sanger ou NGS – de todas as regiões codificantes adjacentes aos éxons do RB1, contando com uma análise criteriosa em busca de variantes genéticas patogênicas.


 

A genética do retinoblastoma
Para o desenvolvimento do tumor ocular, os dois alelos do gene RB1 na célula da retina precisam estar mutados. Nos casos não hereditários, uma célula retiniana sofre duas mutações somáticas, causando um tumor unilateral e unifocal. Na forma hereditária, a primeira alteração se dá na célula germinativa embrionária e, portanto, as da retina já apresentam, constitucionalmente, um alelo mutado. Nesses pacientes, o advento de uma mutação somática no alelo remanescente de uma ou mais células retinianas leva ao desenvolvimento de tumores em um ou em ambos os olhos, únicos ou múltiplos e, em geral, ainda no primeiro ano de vida da criança. A forma hereditária do RTB está associada com maior risco de evolução para outras neoplasias, em especial o osteossarcoma, com 50% de chance de transmissão da mutação no RB1 para os descendentes.
Assessoria Médica
Genética
Dr. Caio Robledo Costa Quaio
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Dr. Carlos Eugênio Fernandez de Andrade
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Dr. Wagner Antonio da Rosa Baratela
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Oftalmologia
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Dra. Margara Zanotele H. de Almeida
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Dra. Sung Eun Song
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Dra. Vera Regina C. Castanheira
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