Saiba como suspeitar da infecção por monkeypox

Pertencente ao gênero Orthopoxvirus, da família Poxviridae, o agente possui DNA de fita dupla.

A ciência ainda não descobriu um meio de controlar  efetivamente as ondas de Covid-19 e um novo desafio surge no radar – o vírus monkeypox (MPXV).  Pertencente ao gênero Orthopoxvirus, da família  Poxviridae, o agente possui DNA de fita dupla e é  comumente encontrado na África Central e Ocidental, muitas vezes nas proximidades de florestas  tropicais, e tem aparecido cada vez mais em áreas  urbanas. Seus hospedeiros animais incluem uma variedade de roedores e primatas não humanos. Com  a erradicação da varíola humana, em 1980, e a subsequente interrupção da vacinação contra a doença, o MPXV emergiu como o ortopoxivírus mais importante para a saúde pública, sobretudo a partir de  maio de 2022, quando se iniciou o atual surto multinacional de dimensões sem precedentes.

A infecção é marcada por febre, dor de cabeça e  astenia intensas, dor nas costas, mialgia e linfadenopatia – uma característica distintiva em comparação com outras doenças infectocontagiosas que  podem parecer semelhantes. Dentro de um a três  dias, instala-se a erupção, que, classicamente, tende  a ser mais concentrada na face (95% dos casos) e  nas extremidades (nas palmas das mãos e plantas  dos pés em 75% dos casos) do que no tronco. Vale  sublinhar que as mucosas orais (70%), a genitália  (30%), a conjuntiva (20%) e a córnea também podem ser afetadas.

O quadro evolui sequencialmente de máculas  (lesões com base plana) para pápulas (lesões firmes  levemente elevadas), vesículas (lesões cheias de líquido claro), pústulas (lesões cheias de líquido amarelado) e crostas que secam e caem. O número de  feridas varia de algumas a vários milhares. Em casos  graves, podem coalescer até que grandes seções de  pele acabam por se desprender.

A doença é geralmente autolimitada, com permanência de sintomas durante duas a quatro semanas. No entanto, pode se agravar em crianças, em  pessoas muito expostas ao vírus, em indivíduos com  comorbidades e em imunossuprimidos, o que igualmente varia conforme a natureza das complicações.

As complicações podem incluir superinfecção  bacteriana da pele, broncopneumonia, sepse, encefalite e comprometimento ocular com consequente  perda de visão, assim como cicatrizes permanentes  e hiperpigmentação ou hipopigmentação da pele. Ainda se desconhece a proporção de infecções assintomáticas, bem  como sua relevância na cadeia de transmissão.

A taxa de letalidade da varíola por MPXV variou historicamente  de 0% a 11% na população geral e tem sido maior entre as crianças  pequenas. Nos últimos tempos, oscilou em cerca de 3% a 6%.

Detecção laboratorial

Desde 5 de agosto último, o Fleury foi habilitado para a realização  de testes para detecção de MPXV, nos termos da Portaria no. 24  da Diretoria Geral do Instituto Adolfo Lutz, de 27 de julho de 2022. O exame disponível consiste na análise de amostras de teto ou fluido de vesículas e pústulas ou de crostas secas obtidas com swab e  analisadas por PCR em tempo real. O resultado sai em dois dias.

Convém assinalar que o diagnóstico diferencial passa por infecções como varicela, sarampo, zóster disseminado, eczema herpético, infecções bacterianas da pele, escabiose, sífilis e alergias associadas a medicamentos.


CONSULTORIA MÉDICA 

Dra. Carolina S. Lázari 

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Dr. Celso Granato 

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