Sarcoma de Ewing | Revista Médica Ed. 3 - 2015

Alteração cromossômica que causa o tumor de Ewing pode ser detectada pela técnica de FISH

 

Célula do tumor de Ewing flagrada em mitose.

STEVE GSCHMEISSNER/SCIENCE PHOTO LIBRARY/SPL RF/LATINSTOCK


Com uma incidência anual de cerca de dois casos para cada 1.000.000 de crianças, o sarcoma de Ewing é, depois do osteossarcoma, a neoplasia de origem óssea mais frequente em crianças e adolescentes, embora possa ocorrer também em partes moles. Compõe-se do mesmo tipo de células do tumor primitivo neuroectodérmico e do tumor de Askin – que surge no tórax –, os quais atualmente são considerados tumores de uma mesma família.

A dor e o edema localizados no sítio primário destacam-se como os sintomas mais comuns e sinais sistêmicos, como febre e emagrecimento, podem estar presentes em cerca de 25% dos casos. O tumor acomete preferencialmente a diáfise de ossos longos como o fêmur, a tíbia e o úmero, devendo ser considerado no diagnóstico diferencial de traumas, infecções osteoarticulares e processos inflamatórios.

A avaliação inicial do quadro pede o estudo radiológico, que evidencia, na maioria das situações, lesões líticas, algumas vezes com áreas de tecido reacional osteoblástico. A ressonância magnética, por sua vez, auxilia a avaliação do comprometimento de partes moles adjacentes e da extensão intramedular do tumor.

Para a confirmação diagnóstica, a biópsia e o estudo histológico do material obtido são essenciais, incluindo a imuno-histoquímica, uma técnica necessária para revelar a positividade do CD99, característica da doença, entre outros marcadores que contribuem para o diagnóstico diferencial.

AE1AE3
32

CD79a
CD57
53

PAX5
Caveolina
96

CD20
Fli1
89-94

TdT
CD99
99-10

CD3
Marcador
% de presença nos casos


Expressão positiva

Expressão negativa
Marcadores imuno-histoquímicos nos tumores da família Ewing

Podem ainda ser positivos: enolase neurônio-específica, PGP9.5 e neurofilamento.

Após o diagnóstico, que precisa ser feito o mais precocemente possível para tentar melhorar o prognóstico, a tomografia computadorizada de tórax, o estudo de imagem por PET/CT e a biópsia de medula óssea têm importância para o estadiamento de metástases.

 

Em busca dos genes envolvidos
Acompanhando o desenvolvimento da oncogenética, o Fleury realiza a hibridação in situ por fluorescência (FISH) para o tumor de Ewing. O teste permite identificar, na amostra de tecido, alterações cromossômicas típicas da neoplasia, caracterizadas pela fusão do gene EWS, localizado no cromossomo 22, com um dos vários genes da família de fatores de transcrição ETS. A fusão mais comum ocorre com o gene FLI1, presente em aproximadamente 85% dos casos, como resultado da translocação t(11;22) (q24;q12). Em cerca de 5% dos pacientes, o EWS está envolvido em translocações com os genes ERG t(21;22) e ETV1 t(7;22).

  

 

Assessoria Médica
Anatomia Patológica:
Dra. Jussara Bianchi Castelli
Citogenética:
Dra. Maria de Lourdes Chauffaille
Imagem – Musculoesquelético:
Dr. Xavier Stump