Doença extremamente rara, com incidência de 0,5 caso por milhão de indivíduos por ano, a síndrome hemolítico-urêmica atípica (aSHU) faz parte do grupo das microangiopatias trombóticas (MAT), que abrange condições clínicas caracterizadas por lesão e oclusão de microvasos, provocando isquemia e dano tissular.
Apesar de ser considerada pediátrica, cerca de 40% a 60% dos pacientes acometidos têm mais de 18 anos. As apresentações típicas incluem hemólise intravascular associada à trombocitopenia e também à insuficiência renal, que se traduzem clinicamente por fadiga, palidez, edema, sonolência e hipertensão e, laboratorialmente, por anemia, aumento de reticulócitos, Coombs negativo, DHL e creatinina elevadas, hematúria microscópica e proteinúria. As plaquetas frequentemente caem abaixo de 50.000/mm3 , embora haja possibilidade de ficarem normais em alguns indivíduos. Até 25% dos casos cursam com eventos cardiovasculares, neurológicos – a exemplo de convulsões e déficits focais ou difusos – ou gastrointestinais.
Uma vez que a aSHU tem elevada taxa de mortalidade e alto risco de progressão para doença renal terminal, o diagnóstico precoce e correto é de extrema relevância. Um dos pontos mais desafiadores está em sua diferenciação com outras MAT mais comuns, sobretudo a púrpura trombocitopênica trombótica combinada à deficiência de ADAMTS13 e a SHU típica, decorrente de infecções.
Nesse ponto, vale esclarecer que a aSHU pode ser primária, de etiologia genética, ou secundária a infecções, neoplasias, quimioterapia, gravidez, doenças autoimunes e transplante de células-tronco hematopoéticas, entre outras condições. Sua fisiopatologia está relacionada à desregulação da via alternativa do complemento proveniente da elevação de determinados componentes ou de alterações em proteínas reguladoras essenciais dessa via. Variantes patogênicas em genes associados à via alternativa do complemento estão presentes em 50% a 60% dos pacientes, apesar de a ausência da mutação não excluir o diagnóstico.
Diante da suspeita do quadro, a avaliação laboratorial do complemento, incluindo CH50 e AP50, a quantificação de C3, C4, fator H, fator I e MCP e a determinação de anticorpos antifator H, se disponíveis, podem auxiliar a investigação. Já o estudo genético confirma o diagnóstico, tendo implicações prognósticas e impacto na compreensão do curso natural da doença e no tratamento. O painel genético costuma ser o teste de escolha por analisar os diversos genes potencialmente implicados na aSHU de maneira simultânea.
O tratamento é feito predominantemente com terapia anticomplemento por meio de anticorpo monoclonal, embora outras estratégias possam ser necessárias. Dada a alta taxa de doença renal terminal, muitos pacientes requerem hemodiálise e transplante.
Alguns dos genes associados à aSHU avaliados no painel genético
Ficha técnica
Painel genético para síndrome hemolítico-urêmica atípica
Método: sequenciamento de nova geração
Genes analisados: ADAMTS13, C3, CD46, CD55, CD59, CFB, CFH, CFHR1, CFHR2, CFHR3, CFHR4, CFHR5, CFI, DGKE, INF2, MMACHC, PLG e THBD
Amostra: sangue periférico/saliva*/swab de bochecha*
Resultados: em até 30 dias
*Disponíveis apenas pela plataforma Fleury Genômica
CONSULTORIA MÉDICA
Dra. Christiane Pereira Gouvea
Dra. Maria Carolina Tostes Pintão
Dr. Rogerio Pastore Bassitt
Dr. Wagner Antonio da Rosa Baratela
Pode ser utilizada para detectar o DNA da bactéria Leptospira spp. no plasma.
Avaliação complementar da análise histológica convencional de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas.
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