Síndrome nefrótica com anti-PLA2R positivo. O que significa?

Teste funciona como marcador de glomerulonefrite membranosa primária.

Tenho uma paciente de 34 anos que recentemente apresentou um quadro de síndrome nefrótica. Uma vez que era previamente hígida, excluí as principais causas de nefropatia secundária. Entre os diversos exames que solicitei para a investigação do quadro, o anticorpo anti-PLA2R veio positivo. Como interpretar tal resultado nesse contexto?

Presente na superfície dos podócitos, células localizadas na face extracapilar da membrana basal glomerular, o receptor da fosfolipase A2 (PLA2R) foi identificado como o principal alvo antigênico na glomerulonefrite membranosa primária (GNMP) ou idiopática, sugerindo uma etiologia autoimune para essa condição. Estudos mostram que os anticorpos anti-PLA2R estão presentes na circulação em 50% a 70% dos pacientes com GNMP em atividade, mas não nos indivíduos com glomerulonefrite membranosa secundária ou com outras doenças renais, o que lhes confere uma especificidade em torno de 97%. Ademais, seus níveis séricos relacionam-se com a atividade da glomerulonefrite e com a resposta ao tratamento, configurando, portanto, um biomarcador adicional para auxiliar o acompanhamento médico dos casos de GNMP.

A nefropatia membranosa é uma das principais causas de síndrome nefrótica em adultos. Aproximadamente 80% dos casos são considerados idiopáticos, pois não se encontra uma etiologia bem definida. Os restantes 20-25% são classificados como secundários devido à associação com outras condições clínicas, como lúpus eritematoso sistêmico, neoplasias, infecções virais ou bacterianas e uso de drogas. Para o manejo clínico e o seguimento adequados dos pacientes com glomerulonefrite membranosa, o diagnóstico diferencial entre os quadros idiopáticos e os secundários é essencial.

Na prática, o anti-PLA2R funciona como um marcador altamente sensível e específico. Assim, a determinação semiquantitativa desse autoanticorpo auxilia não só a corroborar o diagnóstico da GNMP, como também tem alto valor preditivo para remissão e recaída da doença.


Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade e Dr. Sandro Felix Perazzio, consultores médicos em Imunologia e Reumatologia

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