Constituindo um amplo grupo de doenças raras, as síndromes de febre periódica (SFP) predominam na infância e se caracterizam por episódios recorrentes de processos inflamatórios sistêmicos.
Constituindo um amplo grupo de doenças raras, as síndromes de febre periódica (SFP) predominam na infância e se caracterizam por episódios recorrentes de processos inflamatórios sistêmicos, em grande parte dos casos com intervalos assintomáticos, embora algumas possam levar a quadros contínuos. Durante as exacerbações, em geral há febre e quase sempre estão presentes outros sintomas, sendo a artrite e a serosite, a dor abdominal, o rash cutâneo e a linfadenopatia os mais frequentes. Tipicamente, esses episódios ocorrem de forma espontânea, ou seja, asséptica e sem associação com nenhum agente irritante, físico ou químico.
A origem das SFP está exatamente na anomalia de genes que participam do controle da inflamação, como os relacionados à interleucina 1ß (IL-1ß) e ao fator de necrose tumoral (TNF-alfa). Na prática, a hipótese de uma dessas condições costuma vir após estarem excluídas causas diversas e mais comuns de febre e inflamação, como infecções crônicas, doenças autoimunes e síndromes paraneoplásicas, entre outras. Por outro lado, diante de clínica sugestiva, deve-se suspeitar de tal possibilidade, pois um diagnóstico preciso permite uma escolha mais criteriosa do tratamento e o estabelecimento do risco de complicações – em especial da amiloidose –, além de evitar investigações invasivas repetidas ou desnecessárias.
Graças à crescente disponibilidade dos testes genéticos, o diagnóstico definitivo das SFP ficou mais acessível, já que boa parte dessas doenças apresenta caráter monogênico e tem, atualmente, a causa genética conhecida. Como muitas vezes as diferentes enfermidades pertencentes a esse grupo cursam com sintomas que se sobrepõem, o diagnóstico diferencial entre elas costuma ser um desafio.
Foi nesse contexto que o Fleury introduziu, em sua rotina, um painel para a análise simultânea de 21 genes associados às SFP. O teste baseia-se na conjugação do método de sequenciamento de nova geração e da técnica de Sanger para sequenciar todas as regiões codificantes (éxons) e regiões não codificantes adjacentes de tais genes, em busca de variantes genéticas patogênicas, apresentando o resultado em um laudo interpretativo. As variantes benignas não são reportadas.
Genes analisados no painel para síndromes de febre periódica: |
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CARD14, ELANE, IL10, IL10RA, IL10RB, IL1RN, IL36RN, LPIN2, MEFV, MVK, NLRP12, NLRP3, NLRP7, NOD2, PLCG2, PSMB8, PSTPIP1, SH3BP2, SLC29A3, TNFRSF11A, TNFRSF1A. |
Principais doenças associadas às SFP | ||||
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Doença | Gene | Herança | Duração dos episódios de febre | Outras manifestações clínicas além da febre |
Febre familiar do Mediterrâneo | MEFV | AR | De um a três dias | - Dor abdominal secundária à peritonite, artrite, mialgia e eritema semelhante à erisipela - Podem estar presentes outras serosites, como pleurite e pericardite |
Deficiência da mevalonato quinase | MVK | AR | De três a sete dias | - Linfadenopatia cervical, dor abdominal com ou sem diarreia, cefaleia, hepatomegalia, esplenomegalia, poliartralgia ou artrite e rash - Elevação de IgD policlonal |
Síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral | TNFRSF1A | AD | Duas semanas | - Dor abdominal, mialgia, rash eritematoso, manifestações oculares como uveíte e conjuntivite, artralgia ou artrite e pleurite - Pode haver sintomas neurológicos, como cefaleia, meningite asséptica e alterações comportamentais |
Síndrome autoinflamatória familiar associada ao frio | NLRP3/ NLRP12 | AD | De 12 a 24 horas – geralmente desencadeada pelo frio | Rash urticariforme, conjuntivite e poliartralgia |
Síndrome de Muckle-Wells | NLRP3 | AD | De um a dois dias | - Rash urticariforme, conjuntivite, artrite, cefaleia e meningite asséptica - Perda auditiva neurossensorial |
Doença inflamatória multissistêmica de início neonatal | NLRP3 | AD | Contínua | - Rash, artropatia grave e deformidades ósseas - Envolvimento neurológico característico, com meningite asséptica neutrofílica crônica, irritabilidade e convulsão, que pode evoluir com perda auditiva e visual, hidrocefalia e atrofia cerebral |
Artrite granulomatosa pediátrica | NOD2/ CARD15 | AD | Esporádica | Inflamação granulomatosa crônica dos olhos (uveíte), articulações (artrite) e pele (dermatite) |
Deficiência do antagonista do receptor de IL-1 | IL1RN | AR | Incomum | - Dermatite pustular de início precoce, periosteíte e osteomielite multifocais - Menos frequentes: doença pulmonar intersticial e vasculite do SNC |
Síndrome de Majeed | LPIN2 | AR | Incomum | Osteomielite multifocal recorrente de início neonatal, dermatose neutrofílica e anemia diseritropoética congênita |
Artrite piogênica, pioderma gangrenoso e acne | PSTPIP1 | AD | Rara | Artrite deformante, úlceras cutâneas e cistos de acne ou abscessos cutâneos |
Doença inflamatória intestinal de início precoce | IL10RA IL10RB | AR | Indeterminada, mas recorrente | Enterocolite grave, artrite e foliculite |
Adaptado de: Jesus AA et al. Síndromes autoinflamatórias hereditárias na faixa etária pediátrica. J Pediatr (Rio J). 2010;86(5):353-66.
ASSESSORIA MÉDICA |
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Reumatologia Dr. Alexandre Wagner Silva de Souza [email protected] Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade [email protected] Genética Dr. Caio Robledo Costa Quaio [email protected] Dr. Carlos Eugênio Fernandez de Andrade [email protected] Dr. Wagner Antonio da Rosa Baratela [email protected] |
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