Paciente do sexo feminino, 37 anos, nuligesta, relatava sinusiorragia iniciada havia três meses. Diante da queixa, o médico a encaminhou para a realização de citologia oncótica e colposcopia – exames que, vale assinalar, se encontravam normais por volta de um ano e meio antes. As imagens colposcópicas visualizadas logo após o exame estão aqui reproduzidas.
Diante da queixa e dos resultados da colposcopia, qual a hipótese diagnóstica mais provável?
a) Pólipo endocervical
b) Pólipo endometrial
c) Mioma parido
d) Deciduose
e) Lesão neoplásica de colo uterino
Resposta do caso de sinusiorragia em mulher em idade reprodutiva
Ao exame colposcópico, pode-se observar lesão exofítica de médio volume, vascularizada e friável à manipulação, junto ao orifício externo até a periferia da superfície cervical, em lábio posterior, além de lesão endurecida, acetorreagente, às 12 horas, na porção média da superfície do colo do útero.
Com base no histórico e na idade da paciente, bem como no aspecto dos achados colposcópicos, a hipótese diagnóstica de mioma parido poderia ter sido levantada. Contudo, a presença de friabilidade, endurecimento e reação ao ácido acético sugere o diagnóstico de neoplasia, que foi confirmada pela citologia e pela biópsia feita às 12 horas no colo uterino e na lesão exofítica. Tratava-se de carcinoma epidermoide não queratinizante de grau histológico II, invasivo.
O câncer de colo uterino é a terceira neoplasia mais frequente, atrás apenas dos cânceres de mama e colorretal, figurando como a quarta causa de óbito em mulheres brasileiras. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer preveem 16.340 casos novos em 2016. A incidência da doença é maior em mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos. Quanto ao tipo histológico, o carcinoma espinocelular se mostra o mais frequente.
O sangramento por via vaginal é um dos sintomas da doença em estágios mais avançados – nos iniciais, frequentemente não há queixas –, que, portanto, deve ser diferenciada de outras causas ginecológicas associadas a essa manifestação, tais como pólipos e mioma. Com a progressão da neoplasia, surgem outros sintomas, incluindo dispareunia, corrimento aquoso, mucoide e fétido e dor pélvica e/ou lombar.
A citologia oncótica continua tendo papel importante para o rastreamento do câncer de colo do útero e, em associação à colposcopia e à biópsia dirigida, pode detectar lesões em fase pré-invasiva ou invasiva inicial. Por sua vez, o carcinoma invasivo muitas vezes apresenta lesão visível já ao exame ginecológico.
Algumas instituições recomendam a pesquisa molecular de HPV, feita isoladamente ou em conjunto com a citologia, como método de rastreamento do câncer de colo do útero, visto que esse vírus é observado em mais de 90% dessas pacientes e que os tipos oncogênicos 16 e 18 estão presentes em cerca de 70% dos casos. Outros fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia cervical incluem início precoce de atividade sexual, promiscuidade, múltiplos parceiros sexuais, tabagismo, história de doenças sexualmente transmissíveis, como infecção por Chlamydia trachomatis e Herpes simplex vírus, imunossupressão, baixo nível socioeconômico, uso prolongado de anticoncepcionais orais e antecedentes de lesões pré-neoplásicas de colo uterino.
Consultoria Médica
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Anatomia Patológica
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