Técnica de sequências avançadas é usada para melhorar a qualidade das imagens obtidas em relação aos protocolos com sequências convencionais.
O envelhecimento populacional e, também, os avanços das técnicas cirúrgicas ortopédicas e oncológicas, acarretaram o aumento da utilização de materiais metálicos com as finalidades de fixação de fraturas, reconstrução óssea ou, ainda, para a substituição de articulações (artroplastia). O maior uso desses dispositivos, por conseguinte, aumentou também a necessidade de exames de controle ou, até mesmo, de investigação de complicações, como a infecção ou a soltura asséptica, muitas vezes demandando a solicitação de exame de ressonância magnética (RM) para a realização do diagnóstico.
As interações do campo de RM com esses componentes metálicos já são conhecidas desde o início do uso do equipamento para a realização de imagens diagnósticas e causam distorções na imagem – chamadas de “artefatos” – podendo comprometer em graus variados a qualidade do exame e dificultar ou inviabilizar a sua interpretação pelo médico radiologista. Sendo um problema corriqueiro em serviços de radiologia, principalmente na especialidade do aparelho locomotor, é necessário contar com a experiência dos operadores de RM em ajustar os parâmetros do aparelho durante a realização do exame, o que permite driblar parcialmente essas interferências dos dispositivos metálicos, melhorando a qualidade da imagem.
Figura 1. (A-B) Imagens de RM do quadril direito ponderadas em STIR (A) e T1 (B) do protocolo convencional, notando-se distorção das estruturas adjacentes pelos artefatos de suscetibilidade magnética determinados pelo material metálico de osteossíntese no fêmur proximal. (C-D) A aplicação de sequências de supressão de artefatos metálicos permitiu a melhor definição do material cirúrgico e das estruturas adjacentes.
Figura 2. RM do joelho esquerdo com artroplastia total metálica determinando artefatos de
suscetibilidade magnética que distorcem as imagens das estruturas ósseas adjacentes na imagem ponderada em STIR no protocolo convencional (A). Após a aplicação de sequência de supressão de artefato metálico (B), observa-se a supressão das distorções da imagem, permitindo melhor avaliação da interface entre o componente tibial da prótese e o osso, observando-se edema da medular óssea da tíbia proximal adjacente, achado compatível com o diagnóstico de sobrecarga mecânica.
A escolha de aparelhos de menor intensidade do campo magnético (por exemplo, de 1,5T, ao invés de 3T) também pode ajudar a reduzir a formação dos artefatos. Todavia, apesar
dos esforços, nem sempre é possível recuperar a qualidade diagnóstica. São em situações como essas que o emprego de sequências avançadas para redução de artefatos metálicos em RM apresenta crescimento.
Essas sequências avançadas consistem em um conjunto variável de estratégias de aquisição simultânea, “compensação” das distorções e pós-processamento de imagem conforme os diferentes fabricantes dos aparelhos de RM, recebendo diferentes nomes de cada uma das marcas disponíveis no mercado – MAVRIC (multiacquisition with variable resonance image combination) e SEMAC (slice-encoding metal artifact correction), por exemplo, estão entre as mais conhecidas. Podem ser adicionadas como complementação ao protocolo convencional de avaliação de diversos segmentos do aparelho musculoesquelético, sendo aplicáveis tanto em aparelhos 1,5T ou 3T que estejam habilitados com essa configuração, porém às custas de pequeno aumento do tempo de execução do exame.
Vários estudos já têm reportado benefícios no uso dessas técnicas para melhoria geral da qualidade das imagens obtidas em relação aos protocolos com sequências convencionais, permitindo confirmar ou excluir a presença de complicações dos implantes metálicos de forma mais confiável, em alguns casos resultando até na mudança do tratamento do paciente. Sendo assim, a disponibilidade dessa tecnologia pode contribuir consideravelmente para o manejo de pacientes cuja única possibilidade de investigação não invasiva seja a RM, contribuindo para a geração de resultados mais acurados e de um planejamento terapêutico coerente, impedindo a realização de procedimentos desnecessários.
Consultoria médica
Dr. Alipio Gomes Ormond Filho
Coordenador do Centro Avançado de
Diagnóstico por imagem Osteomolecular
[email protected]
Dra. Isabela Azevedo Nicodemos da Cruz
Consultora médica no Centro Avançado de
Diagnóstico por imagem Osteomolecular
[email protected]
Dra. Damaris Versiani Caldeira Gonçalves
Consultora médica do Centro Avançado de Diagnóstico por Imagem Osteomolecular
[email protected]
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