As uveítes consistem em condições que ameaçam a visão. O diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para a otimização dos resultados visuais. Uma etapa crucial na avaliação desses pacientes é a diferenciação entre etiologias infecciosas e não infecciosas de tais quadros. Em ambas as situações, pode haver características clínicas análogas, que, contudo, demandam abordagens terapêuticas distintas. A identificação precisa do agente pode orientar a terapia específica, evitando tratamentos empíricos. O avanço da Biologia Molecular na Oftalmologia tem propiciado progressos consideráveis no diagnóstico e no
tratamento das uveítes, proporcionando mudança da estratégia de tratamento em muitos casos.
A causa da afecção varia significativamente e, em nosso meio, estima-se que até 50% dos casos tenham origem infecciosa, sendo a toxoplasmose a principal. No entanto, outros agentes, como herpes-vírus e herpes-zóster, citomegalovírus e vírus Epstein-Barr, também devem ser cogitados. Esses patógenos podem desencadear uma resposta inflamatória intraocular significativa e desempenham um papel importante na patogênese de diversos casos.
Portanto, sua detecção direta em amostras biológicas oculares, com o uso de técnicas moleculares – altamente sensíveis, específicas e rápidas, como a PCR –, permite um diagnóstico preciso e pode ser decisiva para o manejo adequado e eficaz desses quadros,
especialmente em apresentações atípicas, sempre por meio de procedimentos minimamente invasivos e coleta de baixo volume de material (0,2 mL).
Embora a PCR seja uma ferramenta valiosa, convém considerar suas indicações adequadas e limitações. Por isso, a interpretação dos resultados do teste deve
ser feita em conjunto com outros achados clínicos e laboratoriais, levando em conta o contexto do paciente e a natureza do agente infeccioso envolvido, sobretudo daqueles que se caracterizam pela capacidade de causar infecção latente. Experiência com painéis multiplex Nesse sentido, os protocolos moleculares aplicados devem ser direcionados a genes que se expressam somente – ou principalmente – na fase ativa da replicação do agente, sempre com controles internos e externos da qualidade analítica.
A experiência na manipulação de amostras nobres e de volume exíguo, especialmente com o uso de painéis multiplex, é indispensável para a obtenção de resultados confiáveis.
Com base nesses avanços, a implementação de técnicas moleculares na prática oftalmológica contribui para uma abordagem clínica mais acurada e eficaz, uma vez que auxilia a definição do melhor plano de tratamento, prima pela credibilidade, segurança e
precisão das informações adquiridas e assegura o melhor cuidado aos pacientes.
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e transporte das amostras, entre em contato com
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Consultoria Médica
Infectologia
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Dr. Celso Granato
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Oftalmologia
Dra. Luciana Finamor
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