Teste analisa 42 genes associados à síndrome de predisposição ao câncer na infância

O diagnóstico de uma síndrome de predisposição hereditária ao câncer pode ser desafiador.

É provável que, em algum momento de sua prática clínica, o pediatra acompanhe uma criança com história pessoal ou familiar relevante de doenças  malignas. Para ter uma ideia, em 2022, o Instituto Nacional do Câncer estimou 8.460 casos de neoplasias infantojuvenis no Brasil, número que torna  o câncer a primeira causa de morte por doenças entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no País. A taxa de sobrevida, contudo, vem aumentando  substancialmente, com uma média em torno de 80% em cinco anos, uma  consequência do diagnóstico precoce.  

Nesse cenário, vale assinalar que cerca de 10% dos tumores diagnosticados na infância estão associados a uma síndrome de predisposição hereditária ao câncer, ou seja, relacionados a uma ou mais variantes genéticas patogênicas em linhagem germinativa, que levam a um risco aumentado para o  desenvolvimento de neoplasias ao longo da vida. A identificação desses pacientes, portanto, tem grande impacto, uma vez que diagnosticar a presença  de uma síndrome dessa natureza permite a adoção de estratégias de prevenção e redução de risco tanto para o paciente quanto para seus familiares.  

O diagnóstico de uma síndrome de predisposição hereditária ao câncer  pode ser desafiador. Uma história pessoal e familiar detalhada, abrangendo  pelo menos três gerações, e um exame físico minucioso são imperativos,  mas podem não bastar. Algumas condições com características fenotípicas  típicas, a exemplo da síndrome de Beckwith-Wiedemann e da neurofibromatose tipo 1, geralmente possibilitam o diagnóstico clínico antes do desenvolvimento de neoplasias. Já para muitas outras, como na síndrome de  Li-Fraumeni, o câncer é a única manifestação clínica. Ademais, uma história  familiar negativa não exclui o quadro devido a fatores como padrão de herança autossômico recessivo, variantes de novo ou penetrância e expressividade variáveis.  

Dessa forma, diante de uma criança com história pessoal de doença neoplásica, torna-se importante reconhecer alguns critérios que aumentam a  probabilidade de uma síndrome de predisposição ao câncer e indicam a necessidade de avaliação específica do paciente com um oncogeneticista.

Benefícios da pesquisa de mutações genéticas  associadas ao câncer hereditário na infância

⊲ Alterar estratégias de tratamento, incluindo planejamento cirúrgico 

⊲ Inserir a criança em programas de rastreamento associados à síndrome, o que  possibilita seguimento direcionado e detecção precoce de novos tumores 

⊲ Dar atenção diferenciada à presença de sintomas de alerta para malignidade,  que, em outro contexto, entrariam no diagnóstico diferencial de diversas doenças 

⊲ Identificar outros membros da família com risco aumentado para  determinadas neoplasias 

⊲ Embasar futuras decisões reprodutivas dos genitores 

⊲ Fornecer uma explicação para o desenvolvimento da doença naquele paciente

Sinais de alerta para uma  possível síndrome de  predisposição ao câncer

➔ Tumor raro ou sabidamente associado a  uma síndrome de câncer hereditário 

➔ História pessoal de dois ou mais tumores  ou de lesões bilaterais, que podem ocorrer  simultaneamente ou em momentos diferentes 

➔ Diagnóstico em idade mais precoce em  relação à média de idade para a neoplasia  em questão 

➔ Identificação de uma mutação somática  (análise do tecido tumoral) que possa sugerir origem germinativa 

➔ Reações adversas ou complicações relacionadas ao tratamento oncológico mais  intensas que o esperado 

➔ Presença de anomalias congênitas ou  outras doenças crônicas em crianças com  câncer 

➔ Presença de tumores benignos ou cistos  sabidamente associados a síndromes de  predisposição ao câncer 

➔ Histórico familiar (mesmo tipo de câncer  ou tumores relacionados ou outras neoplasias da infância ou, ainda, dois ou mais familiares com diagnóstico de doença maligna  antes dos 45 anos) 

➔ Presença de mutação conhecida em gene  associado a síndromes de predisposição ao  câncer na família

Tumores que indicam necessidade de avaliação para síndrome de predisposição  ao câncer quando ocorrem na infância

Adaptado de: Pediatr Ann. 2018; 47(5): e204-e216.

A melhor maneira de confirmar esses casos é usar testes genéticos. Se a história ou  o exame físico forem altamente sugestivos de uma determinada síndrome, a análise do gene específico associado ao fenótipo pode ser realizada. Já para os demais  casos com sobreposição de fenótipos, a  preferência recai sobre os painéis multigenes devido a seu melhor custo-benefício e  à sua eficiência diante de um amplo diagnóstico diferencial. 

Dada a complexidade da indicação do  teste, da interpretação dos resultados e do seguimento do paciente, recomenda-se que o exame seja sempre solicitado em conjunto com um geneticista para o adequado aconselhamento  genético. O conhecimento do espectro tumoral associado a cada gene é  fundamental para a condução do caso. Para muitas síndromes de predisposição ao câncer, há guidelines disponíveis com orientações de manejo,  rastreamento e redução de risco.

A conduta para com o paciente pode variar desde exame físico periódico e rastreamento com exames laboratoriais e de imagem até indicação de  cirurgias redutoras de risco. Já diante da confirmação de uma neoplasia, a  identificação de uma variante genética patogênica pode auxiliar a escolha  do tratamento, além de fornecer dados sobre toxicidade e resistência às terapias medicamentosas e respaldar intervenções cirúrgicas mais extensas.  

O Fleury realiza o painel genético para síndromes de predisposição ao  câncer na infância, que, por meio do sequenciamento de nova geração  (NGS) com validação para análise de variações em número de cópias (CNV),  avalia 42 genes associados à predisposição a doenças malignas, incluindo os  de alta e moderada penetrância, com riscos relativos associados bem defindos e guidelines de manejo bem estabelecidos.

Teste gratuito em familiares  

O Fleury faz a pesquisa de mutação pontual conhecida, excepcionalmente de forma gratuita*, para até quatro familiares de primeiro grau  de um paciente que tenha realizado, no laboratório, o painel genético  para síndromes de predisposição ao câncer na infância e obtido resultado positivo para identificação de variante patogênica ou provavelmente patogênica. A mesma alteração é pesquisada nos familiares  elegíveis. A metodologia usada para essa pesquisa é a amplificação da  região de interesse, seguida por sequenciamento Sanger.

*Para mais informações sobre os testes elegíveis para a pesquisa de mutação  pontual conhecida ou CNV familiar, entre em contato com a equipe do Fleury  Genômica.

Ficha técnica  

Painel genético para síndromes de  predisposição ao câncer na infância 

Método: NGS (com análise de CNV por NGS) 

Genes analisados: ALK, APC (inclui  promotor), BAP1, BMPR1A (inclui promotor),  CDC73, CDH1, CDK4, CDKN1C, CEBPA,  DICER1, EXT1, EXT2, FH, GATA2, LZTR1, MAX,  MEN1, NF1, NF2, PHOX2B, PRKAR1A, PTCH1,  PTCH2, PTEN (inclui promotor), RB1, RET,  RUNX1, SDHA, SDHAF2, SDHB, SDHC, SDHD,  SMAD4, SMARCA4, SMARCB1, STK11, SUFU,  TMEM127, TP53 (inclui promotor), TSC1,  TSC2, VHL e WT1 

Amostra: sangue periférico/saliva*/swab de  bochecha* 

Prazo de resultado: Até 20 dias 

*Amostras disponíveis apenas pela plataforma  Fleury Genômica


CONSULTORIA MÉDICA 

Dra. Daniele Paixão Pereira 

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Dr. Wagner Antonio da Rosa Baratela 

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