A doença inflamatória intestinal (DII) configura uma entidade clínica global com incidência crescente, especialmente no mundo ocidental. O mais preocupante é que a maior elevação na taxa de incidência envolve crianças menores de 5 anos.
A calprotectina fecal, desde sua identificação, em 1980, tem sido considerada importante avanço no arsenal diagnóstico da DII. Trata-se de um heterocomplexo proteico que regula reações inflamatórias, além de ter funções antimicrobianas e antifúngicas. Está presente em vários tecidos e é abundante nos neutrófilos e monócitos.
Na inflamação do trato gastrointestinal, há ativação e migração dos neutrófilos para a região inflamada e, com a morte dessas células, aumenta a calprotectina na luz intestinal e, consequentemente, sua excreção nas fezes. Essa característica a torna um ótimo marcador de inflamação intestinal, mais específico e sensível que os marcadores séricos (PCR e VHS) na avaliação de atividade da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa, assim como em infecções intestinais. Ademais, fatores como resistência à degradação enzimática e estabilidade entre a coleta de fezes e a realização da dosagem também favorecem sua utilidade como biomarcador fecal.
Apesar dessas vantagens, ainda são poucos os estudos sobre os limites de referência considerados normais na infância, os quais apontam valores mais elevados em crianças menores de 4 anos em relação a crianças maiores e adultos.
Recomendações dirigidas
Assim, em 2021, a Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (Espghan) publicou uma diretriz para estabelecer indicações e valores de calprotectina fecal em diferentes doenças pediátricas.
Sobre a maior variabilidade e níveis mais elevados de calprotectina fecal nessa população, a Espghan propõe não utilizar o nível de corte<100 µg/g para menores de 4 anos, considerando a ampla variabilidade nos resultados detectados nessa faixa etária. Além disso, preconiza usar com cautela o nível de corte inferior a 50 µg/g (como recomendado em adultos) na população pediátrica acima de 4 anos, uma vez que valores de referência nesse grupo etário ainda não foram estabelecidos de modo irrefutável.
Mesmo com a variação dos valores de normalidade, a calprotectina fecal é considerada um marcador útil na triagem de DII e em sua diferenciação com os quadros gastrointestinais funcionais. Entretanto, cabe ressaltar que, se houver demora na liberação do resultado do teste, não se deve atrasar a realização de colonoscopia em caso altamente suspeito.
Para o acompanhamento de pacientes com DII, a Espghan recomenda realizar a dosagem de calprotectina fecal a cada seis meses, ainda que o quadro esteja em remissão. Se a clínica sugerir recaída, o exame deve ser feito precocemente. Nos pacientes com resultado >300 µg/g, a colonoscopia precisa ser sempre indicada, segundo a entidade, mesmo nos casos de remissão clínica, visto que esse nível de corte prevê, com precisão, inflamação da mucosa.
Além da utilização no contexto das DII, a calprotectina fecal tem recomendação para ser empregada, em dosagens seriadas, como teste de triagem para alerta de risco de desenvolvimento de enterocolite necrotizante primária.
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