Utilizados durante o pré-natal, testes genéticos como o cariótipo, microarranjos, PCR e o exoma auxiliam na busca de alterações estruturais fetais

Alterações estruturais fetais estão presentes em cerca de 2% a 4% das gestações.

Alterações estruturais fetais estão presentes em cerca de 2% a 4% das gestações e a obtenção de um diagnóstico genético auxilia na determinação do prognóstico fetal, bem como orienta o cuidado durante o pré-natal, incluindo as decisões sobre a gestação, tratamento intraútero, planejamento do parto e conduta no período neonatal. Além disso, o aconselhamento genético ajuda a estimar o risco de recidiva de anomalias em futuras gestações.

Existem diferentes testes genéticos que podem ser utilizados durante o pré-natal, entre eles o cariótipo, microarranjos, PCR e o exoma, e a escolha deve ser individualizada e guiada pelos achados de imagem e a história familiar (Monaghan e cols., 2020). Entre as gestações com anomalias congênitas, aneuploidias e variações no número de cópias são observadas em 40% e podem ser detectadas utilizando, por exemplo, as análises de cariótipo e microarranjos. Em outros casos, a causa subjacente de uma anomalia é uma doença monogênica, que poderá ser detectada pelo sequenciamento do DNA (Mone e cols., 2021).

Na gestação, a obtenção de material para cariótipo é realizada por procedimento invasivo. A biópsia de vilo corial é feita entre 11 semanas e 13 semanas e 6 dias e o estudo é realizado em vilosidades coriônicas. A amniocentese é realizada a partir de 15 semanas para obtenção do líquido amniótico.

Veja a seguir mais informações sobre os principais testes genéticos para o diagnóstico pré-natal de anomalias fetais realizados pelo Fleury Genômica.


Cariótipo por banda G 

O cariótipo por banda G destina-se à identificação dos cromossomos e de suas diferentes regiões, tendo por base sua morfologia e tamanho e a presença de bandas, que são características de cada par, permitindo a detecção de aberrações numéricas e/ou estruturais, equilibradas ou não equilibradas, totais e parciais.

Indicações do cariótipo por banda G:

  • Idade materna avançada
  • Filho anterior com anomalia cromossômica ou malformações
  • Translocação equilibrada em um dos pais
  • Marcadores ultrassonográficos típicos de determinada aneuploidia
  • Risco elevado no rastreamento combinado (bioquímica de 1º trimestre e translucência nucal)
  • Teste pré-natal não invasivo (NIPT) com resultado positivo (alto risco)

Ficha Técnica 

Cariótipo por banda G em material obtido por biópsia de vilo corial
Período ideal de coleta
Entre 11 e 14 semanas de gestação
Método
Análise dos cromossomos de trofoblastos bloqueados na metáfase. Em seguida, são corados pelo método de coloração para banda G, para a realização do pareamento dos cromossomos permitindo a identificação de alterações numéricas e/ou estruturais
Amostra
25 a 50 mg de vilosidades coriônicas
Prazo do resultado
Até 12 dias corridos


Cariótipo por banda G em líquido amniótico
Período ideal de coleta
A partir de 15 semanas de gestação, de preferência entre 16 a 24 semanas
de gravidez
Método
Análise dos cromossomos de fibroblastos bloqueados na metáfase, corados para bandas G (e outras bandas quando necessário) e pareados; é feito cariótipo de 15 metáfases e contadas outras 10 células
Amostra
15 a 20 mL de líquido amniótico
Prazo do resultado
Até 14 dias corridos



Hibridação in situ por fluorescência 

Durante o pré-natal, a hibridação in situ por fluorescência (FISH) está indicada para avaliar, de modo rápido, as trissomias ou monossomias mais frequentes, ou seja, a trissomia do cromossomo 21, a trissomia do cromossomo 13, a trissomia do cromossomo 18, a monossomia X e a dissomia Y. Recomenda-se, entretanto, que este exame seja feito em concomitância com o cariótipo, o qual permite a detecção de outras anomalias.

Indicações da FISH:

  • Idade materna avançada
  • Filho anterior com anomalia cromossômica ou malformações
  • Translocação equilibrada em um dos pais
  • Marcadores ultrassonográficos típicos de determinada aneuploidia
  • Risco elevado no rastreamento combinado (bioquímica
  • de 1º trimestre e translucência nucal)
  • Teste pré-natal não invasivo (NIPT) com resultado positivo (alto risco)
  • Necessidade de resultado rápido

Ficha Técnica 

Hibridação in situ por fluorescência (FISH)
Amostra
Biópsia de vilo corial
Líquido amniótico
Quantidade necessária
De 10 a 50 mg
5 mL
Época de realização da coleta
Entre 11 e 14 semanas de gestação, preferencialmente ao redor de 12 semanas
A partir de 15 semanas de gestação, de preferência entre 16 e 24 semanas
Método
FISH para os cromossomos 13, 18, 21, X e Y. A FISH utiliza uma sequência de DNA marcada (sonda), complementar ao DNA-alvo, ou seja, àquele que se pretende estudar, podendo ser feita tanto em metáfase como em interfase
Prazo de resultado
Até três dias úteis



PCR para detecção de aneuplodias fetais

Recentemente, o Grupo Fleury introduziu um novo teste para a detecção de aneuploidias fetais que utiliza a metodologia de reação em cadeia da polimerase fluorescente quantitativa (QF-PCR) multiplex, que pode ser realizado para análise de amostra de vilo corial ou de líquido amniótico. A QF-PCR amplifica sequências curtas repetidas de DNA, as chamadas short tandem repeats (STR), por meio de primers fluorescentes. Em seguida, os produtos são analisados de modo quantitativo para determinar o número de cópias dos cromossomos específicos.

Em comparação ao cariótipo, cuja análise demanda entre 10 e 15 dias, os novos exames apresentam o diferencial de dispensar o cultivo das células antes da análise, reduzindo, assim, o tempo para a liberação do resultado e de falha de cultura na citogenética.

A QF-PCR vem sendo proposta como método eficaz e confiável para a detecção de aneuploidias fetais (Morais e cols., 2017). Os testes recém-introduzidos destinam-se à detecção das aneuploidias fetais mais comuns, como as síndromes de Down, de Patau, de Edwards, de Turner e de Klinefelter. Contudo, existem algumas situações nas quais se deve proceder à análise citogenética, como rearranjos e alguns mosaicos simples, visto que essas alterações não podem ser detectados pela QF-PCR.

Indicações da QF-PCR multiplex:

  • Idade materna avançada
  • Filho anterior com anomalia cromossômica ou malformações
  • Translocação equilibrada em um dos pais
  • Marcadores ultrassonográficos típicos de determinada aneuploidia
  • Risco elevado no rastreamento combinado (bioquímica de 1º trimestre e translucência nucal)
  • Teste pré-natal não invasivo (NIPT) com resultado positivo (alto risco)
  • Necessidade de resultado rápido

Ficha Técnica

Testes de PCR para detecção de aneuploidias fetais
Amostra
Biópsia de vilo corial
Líquido amniótico
Quantidade necessária
De 10 a 20 mg
12 mL
Época de realização da coleta
Entre 11 e 14 semanas
de gestação
A partir de 15 semanas de gestação,
de preferência entre 16 e 24 semanas
Método
Análise de marcadores genômicos do tipo STR localizados nos
cromossomos 13, 18, 21, X e Y por meio de QF-PCR multiplex
Prazo de resultado
Até três dias


Microarranjo pré-natal

O CGH-array pré-natal pode ser realizado em material de vilo corial ou líquido amniótico e possibilita a identificação de variação no número de cópias de regiões cromossômicas, que tem utilidade na detecção de aberrações numéricas e estruturais desequilibradas, totais e parciais, do feto.

Indicações do microarranjo pré-natal:

  • Idade materna avançada
  • Filho anterior com anomalia cromossômica ou malformações
  • Mais de uma malformação fetal diagnosticada na ultrassonografia
  • Risco elevado no rastreamento combinado (bioquímica de 1º trimestre e translucência nucal)
  • Atraso no crescimento intrauterino, entre outras situações.

Ficha Técnica

Microarranjo pré-natal em vilo corial
Método
Plataforma de triagem genômica de alta resolução (Agilent Technologies® CGH + SNP array 180 K) com arranjo de sondas
para detecção de CNV de segmentos maiores que 100 kb. Estuda ainda SNP selecionados e identifica isodissomia uniparental e perda de heterozigosidade em regiões com mais de 10 Mb. Os dados analisados têm, como base, o genoma referência hg19. Não detecta baixas taxas de mosaicismo cromossômico, heterodissomia uniparental e alterações equilibradas, como inversões e translocações balanceadas
Amostra
Material obtido por biópsia de vilo corial*
Prazo do resultado
14 dias corridos
*Biópsia realizada pelo Grupo Fleury. Para mais informações, entre em contato com o Fleury Genômica.


Microarranjo pré-natal em líquido amniótico
Método
Plataforma de triagem genômica de alta resolução (Agilent Technologies® CGH + SNP array 180 K) com arranjo de sondas para detecção de CNV de segmentos maiores que 100 kb. Estuda ainda SNP selecionados e identifica isodissomia uniparental e perda de heterozigosidade em regiões com mais de 10 Mb. Os dados analisados têm, como base, o genoma referência hg19. Não detecta baixas taxas de mosaicismo cromossômico, heterodissomia uniparental e alterações equilibradas, como inversões e translocações balanceadas
Amostra
Líquido amniótico*
Prazo do resultado
14 dias corridos
*Material coletado pelo Grupo Fleury. Para mais informações, entre em contato com o Fleury Genômica.


Exoma

Conjunto de todos os éxons do genoma humano, o exoma é a parte do genoma que  dos mais de 20.000 genes do corpo humano, na qual se encontra a maioria das alterações responsáveis pelas doenças genéticas.

Durante o pré-natal, o exoma pode ser considerado quando não foi possível obter um diagnóstico definitivo com os métodos de investigação padrões, incluindo análise de cariótipo e microarranjo, em um feto que apresenta uma ou mais anomalias significativas (Monaghan e cols., 2020). Destaca-se que, se houver suspeita de algum diagnóstico específico, sugere-se a realização de pesquisa molecular com utilização de teste de gene único ou painel genético como exame inicial. Ainda não há dados que suportem o uso clínico do exoma para identificação de marcadores ultrassonográficos específicos de aneuploidias ou história de abortamento recorrente sem explicação (Monaghan e cols., 2020).

Realizado por sequenciamento de nova geração (NGS), o exame inclui a análise de variantes do tipo SNV, pequenas indel e também CNV, usando a técnica de Sanger, quando aplicável. Os resultados contam com um laudo interpretativo produzido individualmente, de acordo com a história médica do paciente. Vale ressaltar que as variantes de significado indeterminado (VUS) encontradas e, posteriormente, reclassificadas são notificadas ao médico solicitante e um novo laudo é emitido.

O exoma pré-natal é realizado em amostras de biópsia de vilo corial ou de líquido amniótico.

Ficha Técnica 

Exoma
Método
Captura do exoma e sequenciamento massivo paralelo, que inclui análise de SNV, indel e CNV, tudo por NGS As variantes identificadas podem ser selecionadas de acordo com a avaliação dos consultores médicos e técnicos para um estudo adicional com metodologia complementar Sanger, que visa a confirmar a presença e a segregação dessas variantes, utilizando uma análise em conjunto dos resultados das amostras do paciente e de seus genitores (quando disponíveis). A complementação do laudo, com os resultados dessa confirmação por Sanger, fica pronta em até 25 dias corridos após a liberação parcial do exoma
Amostra
Material obtido por biópsia de vilo corial ou líquido amniótico
Prazo do resultado
30 dias corridos


Outros testes pré-natais em material de vilo corial ou líquido amniótico
Exame
Metodologia
Genes analisados
Painel genético para osteogênese imperfeita
NGS
ALPL, BMP1, COL1A1, COL1A2, CREB3L1, CRTAP, FKBP10, IFITM5, LEPRE1 (P3H1), LRP5, MBTPS2, P4HB, PLOD2, PLS3, PPIB, SEC24D, SERPINF1, SERPINH1, SGMS2, SP7, SPARC, TENT5A, TMEM38B, WNT1
Teste molecular para doenças associadas ao colágeno tipo II
NGS
COL2A1
Teste molecular para displasia campomélica
NGS
SOX9
Painel genético para síndrome de Noonan
NGS
BRAF, CBL, HRAS, KRAS, LZTR1, MAP2K1, MAP2K2, NF1, NRAS, PTPN11, RAF1, RIT1, SHOC2, SOS1, SPRED1
Teste molecular para síndrome do X frágil
PCR e eletroforese capilar
FMR1



Consultoria médica

Citogenética

Dra. Aline dos Santos Borgo Perazzio

[email protected]

Dra. Maria de Lourdes L. Ferrari Chauffaille

[email protected]

Genética

Dra. Caroline Olivatti

[email protected]

Dr. Wagner Antonio da Rosa Baratela

[email protected]

Medicina Fetal

Dr. Javier Miguelez

[email protected]

Dr. Mário H. Burlacchini de Carvalho
[email protected]


Referências
Morais RW, Carvalho MHB, Amorim-Filho AG, Francisco RPV, Romão RM, Levi JE, Zugaib M. Validation of QF-PCR for prenatal diagnoses in a Brazilian population. Clinics 2017 Jul;72(7):400-4.
Mone F, McMullan DJ, Williams D, Chitty LS, Maher ER, Kilby MD. Evidence to support the clinical utility of prenatal exome sequencing in evaluation of the fetus with congenital anomalies. Scientific Impact Paper No. 64
[February] 2021. BJOG. 2021;128(9):e39-e50.
Monaghan KG, Leach NT, Pekarek D, Prasad P, Rose NC. The use of fetal exome sequencing in prenatal diagnosis: a points to consider document of the American College of Medical Genetics and Genomics (ACMG).
Genetics in Medicine. 2020;22:675-80.