Vacina nonavalente contra o HPV aumenta a proteção contra tipos virais de alto risco oncogênico

A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) atinge homens e mulheres.

A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) atinge homens  e mulheres e é quase sempre transmitida pela via sexual. Entre  os mais de 100 tipos de vírus existentes, o 6 e o 11 são considerados de baixo risco oncogênico e respondem por cerca de  90% dos casos de verrugas anogenitais. Já os de alto risco oncogênico associam-se com o desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas de colo do útero, vagina, vulva, ânus,  pênis e orofaringe.  

Dentre os tipos de alto risco, o 16 e o 18 estão por trás da  maior parte dos casos de câncer de colo do útero (cerca de  70%), enquanto os genótipos 31, 33, 45, 52 e 58 podem também causar lesões pré-cancerígenas e câncer e correspondem  a 10-20% do ônus remanescente.  

A vacina é uma das principais estratégias de prevenção da  infecção e das lesões que o vírus ocasiona e deve ser aplicada,  preferencialmente, antes do início da atividade sexual para alcançar eficácia máxima. No Brasil, o imunizante quadrivalente  contra o HPV (HPV4), que contém os tipos virais 6, 11, 16 e 18, foi  licenciado em 2006 e passou a integrar o calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2014. A segunda geração  do imunizante, a nonavalente (HPV9), contém os quatro tipos  presentes na HPV4 e outros cinco tipos adicionais de alto risco  oncogênico (31, 33, 45, 52 e 58), aumentando substancialmente  a proteção contra o câncer anogenital. 

A HPV9 foi aprovada pelo FDA norte-americano em 2014 e  pela Anvisa em 2017, mas se tornou disponível para aplicação no território brasileiro apenas em março de 2023. Destaca-se que, até o momento, somente a HPV4 é contemplada no PNI, para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos,  e nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), para pacientes de ambos sexos até os 45 anos  de idade com imunossupressão, HIV/aids, transplantes de  órgãos sólidos e de medula óssea e neoplasias.

Como fica o calendário de vacinação com a HPV9? 

Para a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), a HPV9 é preferível à HPV4, sempre que possível. O imunizante está indicado para  meninos, meninas, homens e mulheres de 9 a 45 anos de idade, com  esquema semelhante ao da HPV4, de acordo com a faixa etária: De 9 a 14 anos: duas doses (0-6 meses); De 15 a 45 anos: três doses (0-2-6 meses). 

Qual a recomendação aos pacientes  anteriormente vacinados? 

Para quem já recebeu o esquema completo ou incompleto da HPV4  ou da bivalente (hoje indisponível no Brasil), recomenda-se a revacinação com a HPV9 para que se obtenha proteção adequada contra os  cinco genótipos adicionais. Segue a descrição das regras: 

Para pacientes com a vacinação anterior incompleta com a HPV4 

⊲ Entre 9 e 14 anos, com apenas uma dose aplicada de HPV4,  deve-se esperar o intervalo de seis meses para iniciar o esquema  de duas doses de HPV9. 

⊲ Entre 15 e 45 anos, deve-se aguardar dois meses da primeira dose  de HPV4 ou três meses da segunda dose para iniciar o esquema de  três doses de HPV9. 

Para pacientes com a vacinação anterior completa com a HPV4 

⊲ Em qualquer faixa etária, deve-se esperar o intervalo de um ano  após a última dose recebida de HPV4 para iniciar o esquema  de duas doses de HPV9, entre 9 e 14 anos, ou de três doses, dos  15 aos 45 anos. 

Para pacientes com imunossupressão  

⊲ Da mesma forma que ocorre com a HPV4, os pacientes com  imunossupressão devem receber três doses da HPV9, a partir de  9 anos de idade, seguindo o esquema de 0-2-6 meses.

Quais as vantagens da HPV9  em relação à HPV4? 

Os estudos realizados com a HPV9 mostram  um aumento da proteção contra os vírus de alto  risco oncogênico de cerca de 75% para cerca de  90%. Para a prevenção de verrugas anogenitais, a  eficácia é a mesma quando comparamos a HPV4  e a HPV9.

Adaptado de: Levi M. SBIm – Nota técnica 15/3/2023.  Atualização das vacinas HPV em uso no Brasil: introdução  da nonavalente (HPV9). Disponível em: https://sbim.org.br/ noticias/1781-nota-tecnica-sbim-atualizacao-das-vacinashpv-chegada-da-nonavalente-hpv9-ao-brasil.


Referências 

• Bula vigente de Gardasil 

• https://sbim.org.br/informes-e-notas-tecnicas/sbim 

• J Natl Cancer Instit. 2015;107(6):djv086 • BC Centre for Disease Control (BCCDC)


CONSULTORIA MÉDICA 

Dr. Daniel Jarovsky 

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Dra. Janete Kamikawa 

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